São Paulo, domingo, 28 de janeiro de 1996 |
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Sivam é o projeto prioritário
LUCAS FIGUEIREDO
Desenhada durante o regime militar, a estratégia para a região pregava a ocupação humana e grandes projetos de infra-estrutura. Sem alarde, o modelo foi sendo substituído, na década de 90, pela aposta na inteligência artificial. Agora, os militares querem ocupar a Amazônia com equipamentos de última geração, que, em parte, substituirão o homem como meio de manter a segurança e o desenvolvimento da região. Para os militares, os "inimigos" da Amazônia continuam sendo os mesmos de 30 anos atrás: cobiça internacional pelos recursos minerais, expansão das fronteiras indígenas e invasores estrangeiros travestidos de narcotraficantes e contrabandistas. A forma de atacá-los, no entanto, mudou. Projetos como o Calha Norte, que prevê a ocupação humana na fronteira norte, e de infra-estrutura, como a Transamazônica, têm sido postos em segundo plano, enquanto o Sivam se torna a "menina dos olhos" dos militares. A SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos) e o Ministério da Aeronáutica são responsáveis pelo projeto que materializa a "adoção de um novo modelo de desenvolvimento para a Amazônia". O governo difunde que o sistema será capaz de reconhecer e catalogar os recursos minerais, biodiversidade, combater queimadas, narcotraficantes, contrabandistas, além de controlar os vôos. "O sistema de inteligência artificial transforma esse recurso (coleta e processamento de dados) em ferramenta eficaz de auxílio à análise de situação e tomada de decisão", define material utilizado pela SAE para divulgar o Sivam. A parafernália do sistema inclui radares, estações receptoras de satélites, plataformas de coletas de dados ambientais, estações meteorológicas, aparelhos para interceptação e localização de sinais eletromagnéticos, aviões e equipamento de comunicação (rádios, telefone, fax, computador etc). Para se ter a dimensão do projeto, a Raytheon, empresa norte-americana escolhida para fornecer os equipamentos, irá faturar US$ 1,11 bilhão -o contrato mais elevado de sua história. A concepção do projeto lembra um organograma: os equipamentos e aviões espalhados pela região coletarão dados e enviarão para centros regionais em Belém (PA), Manaus (AM) e Porto Velho (RO). Um exemplo: radares do sistema detectam movimentação suspeita de aviões em determinada área da selva. A informação é passada para o centro regional mais rápido e, em seguida, para Brasília. Em seguida, é determinada a ação contra os aviões suspeitos. "O conjunto desses dados e informações permite ao centro coordenador disponibilizar o conhecimento para permitir a elaboração do planejamento de ações estratégicas e emergenciais", diz a SAE. Texto Anterior: Marinha é a mais equipada Próximo Texto: Calha Norte segue em marcha lenta Índice |
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