São Paulo, domingo, 28 de janeiro de 1996 |
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Laranjal luta contra problemas e má fama "Beiradão" é o lado pobre do Jari EDUARDO BELO
Com a queda da atividade garimpeira na região e o reforço policial, a violência e a prostituição diminuíram, diz. Em seu gabinete modesto e sem energia -cortada diariamente das 6h às 11h por economia do governo do Estado-, ele conta que o antigo "Beiradão" está mudando. Mas não muito. Laranjal se converteu em cidade em 1988, quando a Jari Celulose doou ao Amapá uma área 2 km acima da margem do rio. Até então, aquilo era um amontoado de palafitas na margem oposta à de Monte Dourado. Lá, a 36 horas de barco de Belém (PA), se estabeleceram os que foram tentar a sorte no Jari, mas que não podiam se instalar em Monte Dourado por causa do controle da empresa. Acostumada ao padrão caboclo de viver à beira do rio, a população não se convenceu inteiramente de que tinha de mudar para a área seca. São 6 km de palafitas à margem do Jari e outros tantos nas vielas e passarelas erguidas sobre a várzea rio. Metade dos 35 mil habitantes vive nessas condições. Por baixo, o lixo flutua. Barcos com motor de popa conhecidos como "catraias" atravessam os 250 metros de água escura que separam as duas cidades dia e noite. Cada passageiro paga R$ 0,20. Na via principal do Beiradão, uma espécie de "deck", centenas de palafitas de dois andares cumprem dupla função: casa (em cima) e comércio (embaixo). Ali estão, expostos ao sol, carne bovina, peixes, roupas, frutas e máquinas de lavar roupa. Enquanto Monte Dourado -que nem município é, e sim distrito de Almeirim- dispõe de saneamento, escola e saúde para todos, a prefeitura de Laranjal tenta se equilibrar com R$ 2,8 milhões para pagar o funcionalismo, manter 41 escolas e levar água e esgoto a 40% da população. Lá, Primeiro Mundo é nome de supermercado. (EB) Texto Anterior: Jari investe para se tornar realidade Próximo Texto: Idéia era abastecer o mundo Índice |
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