São Paulo, domingo, 28 de janeiro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Alternativas para investir

LUÍS NASSIF

Uma das grandes revoluções, ainda por acontecer na economia, é o da mudança da estrutura societária das empresas nacionais. Historicamente, a empresa nacional sempre se comportou de acordo com o modelo de país desenhado pelo Estado. Eram empresas de dono, administradas verticalmente, que se propunham a produzir tudo aquilo que consumissem.
Nos últimos anos, a abertura da economia e os programas de qualidade lograram empreender mudanças profundas na estrutura gerencial das empresas. Cortaram-se escalões intermediários, implantaram-se planos de qualidade, gestão participativa e terceirização.
De um lado, essas políticas ajudaram a quebrar um pouco o caráter monolítico da estrutura de comando das empresas. Mas pouco avançaram para romper os bloqueios que impedem o empresário tradicional de trazer sócios para sua empresa, ou fundir-se com empresas concorrentes.
Na medida em que se esgotam os mecanismos bancários de empréstimos e financiamentos, a mudança na estrutura societária das empresas passa a ser fundamental para permitir ao empresário buscar recursos não-financeiros no mercado.
Mesmo com a demora do governo central em definir o novo perfil do mercado de capitais, há um sem número de iniciativas pipocando por todo o país, visando criar fontes alternativas de investimentos para empresas e regiões.
O governo do Rio Grande do Sul incluiu esse projeto entre suas prioridades.
Caso Fiemg
A partir de pontos levantados pela coluna -sobre o caráter familiar e patrimonialista das empresas brasileiras e sobre a necessidade de buscar fontes alternativas de investimento nos municípios-, o presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais, Stefan Bogdan Salej, deu início a um programa ambicioso visando a modernização societária e a estrutura de capital das empresas mineiras.
Está em fase final a criação da Agência de Apoio Financeiro, dispondo de consultores incumbidos de orientar financeiramente seus associados. Numa ponta, a agência está incumbida de prospectar todas as fontes de financiamento nacional e internacional disponíveis. Um corpo de consultores foi formado para orientar as empresas nas renegociações com os bancos. E também para ajudar na criação de fundos emergentes, incumbidos de captar poupança municipal para investimentos.
Dispondo da contrapartida dos recursos captados por esses fundos, a Fiemg pretende propor ao BNDES ações em conjunto de capitalização das empresas mineiras. E pretende-se suprir a carência gerencial no Estado propondo ao Banco do Brasil um programa de reciclagem de funcionários aposentados, para trabalhar junto às empresas mineiras.
Gradativamente, outras entidades empresariais terão de seguir os passos da Fiemg. O velho modelo autárquico fechado exigia das federações não mais do que a defesa corporativa da categoria. A globalização passou a exigir que elas se tornem elementos indispensáveis na modernização das empresas.
Rio Grande
Sem muito alarde, Antônio Britto, do Rio Grande do Sul, tem avançado em iniciativas ousadas em seu Estado. Com a privatização, os programas de qualidade e os projetos de criação de fundos municipais. Está pintando como a grande surpresa administrativa da atual geração de governadores.

Texto Anterior: Modelo coreano pode ser nova alternativa
Próximo Texto: Bancos preparam safra de novos serviços em 96
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.