São Paulo, domingo, 28 de janeiro de 1996
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Bancos preparam safra de novos serviços em 96

MILTON GAMEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

As instituições financeiras estão preparando um pacote de novidades para mudar a cara e a coroa dos serviços bancários em 1996.
Os clientes pós-Real, órfãos da conta remunerada e de outros filhotes da ciranda financeira, serão surpreendidos por serviços conhecidos lá fora por nomes como "home equity", "cash management", "zaizan-no-kanri" e 'hub & spoke", entre outros.
Tais inovações têm o objetivo de adequar os serviços bancários aos dois lados da moeda estável neste fim de século: prazos longos e competitividade global.
"A perspectiva de estabilização duradoura leva os bancos a emprestar mais ao setor privado", diz Elvaristo do Amaral, vice-presidente do Citibank.
"Os novos produtos financeiros têm que ser voltados para esse cenário, com prazos longos e qualidade internacional, já que a globalização acirra a competição entre os bancos."
O Citibank e o Banco de Boston travam uma disputa silenciosa para ver quem lança primeiro no Brasil o "home equity". É a boa e velha hipoteca, pela qual o cliente pede dinheiro emprestado (para ampliação ou reforma da casa, compra de carro etc.) e dá sua casa própria em garantia.
A vantagem desse tipo de financiamento é o prazo, que nos EUA chega a 30 anos. No Brasil, a expectativa é que esse serviço estimule a criação das companhias hipotecárias, que captarão recursos de várias fontes para o financiamento imobiliário.
"Estamos com o produto na incubadeira. Esperamos lançá-lo em dois ou três meses", diz Fábio Nogueira, diretor do Boston.
Já que emprestar é a palavra de ordem, Nogueira aposta que os bancos vão lançar novas alternativas de crédito ao consumidor. É o caso do "easy credit", crédito pré-aprovado que permite ao cliente obter financiamento instantâneo, por telefone, em vez de enfrentar a burocracia do crediário.
Outra facilidade existente nos Estados Unidos é o bureau positivo, espécie de serviço de proteção ao crédito ao contrário. Esse bureau contém informações positivas sobre os clientes bons pagadores, facilitando a vida daqueles que fizerem compras a prazo ou pedirem empréstimos.
O Citibank prepara-se para oferecer à clientela um sistema de investimentos do tipo "hub & spoke", alegoria à roda de bicicleta. Diversos tipos de fundos com perfis diferentes representam os raios da roda ("spokes", em inglês).
Quaisquer que sejam os fundos escolhidos pelo cliente, o objetivo é um só (daí o "hub", centro da roda): poupar a longo prazo.
No "hub & spoke", os clientes escolhem quanto querem destinar a cada tipo de fundo, conforme seus objetivos e disposição ao risco, e o computador encarrega-se de distribuir os recursos automaticamente após a aplicação (um só depósito ou transferência).
"Esse serviço depende de o governo autorizar a nova poupança pecúlio", afirma Amaral.
Outra inovação, inspirada nos japoneses -os maiores poupadores do mundo-, é o "zaizan-no-kanri", versão ocidental para administração de patrimônio.
Nada a ver com "private banking", a gestão de fortunas pelos bancos. No "zaizan", os clientes entregam quase todo seu patrimônio pessoal (ações, títulos, imóveis etc) para ser administrado por um banco, que cria um "trust" (fiel depositário) e define critérios de retorno e renda mensal de acordo com as necessidades e o perfil do cliente.
"Muitas pessoas que não têm tempo ou interesse de administrar seu patrimônio optam por esse serviço no Japão", diz Kohei Denda, presidente do Banco América do Sul, instituição nascida da comunidade japonesa no Brasil.

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