São Paulo, domingo, 28 de janeiro de 1996
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O favoritismo dos dois primeiros campeões

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Os dois primeiros campeões da temporada estréiam esta tarde no Paulistão: o Palmeiras, campeão do Euro-América, pega em casa a Ferroviária, enquanto o Santos, campeão do Torneio de Verão, recebe o União. Dito assim, parece muita coisa. O pior é que é, embora os dois certames, em si, não valham nada. Mas vale, isso sim, a maneira como Santos e Palmeiras levantaram as taças.
Vejamos o Palestra. Antes de massacrar o Borussia de Dortmund, líder do Campeonato Alemão, já havia nos oferecido uma exibição irretocável diante do Grêmio, vice-campeão do mundo. Foram dois momentos de gala de um time que, como os seus adversários, mal começa a dar os primeiros passos na preparação para a maratona que se seguirá.
Já na decisão com o Flamengo refluiu, mostrando um futebol mais burocrático, previsível. E por quê? Pode ser que o Fla tenha simplesmente sido um adversário mais forte, mais decidido, melhor preparado. Mas o que mudou no Palmeiras?
Exatamente aquele elemento que eu havia aqui detectado como o fator-surpresa das duas apresentações anteriores: a presença de Cafu como segundo volante, o que conferiu velocidade e força impressionantes ao meio-campo palmeirense.
Mas o amigo dirá: como, se contra o Fla o Palmeiras reforçou-se de Amaral, jogador de seleção e tal e cousa e lousa e maripousa. Por isso mesmo. Com a entrada de Amaral, Cafu foi fazer o terceiro volante, e caímos na ladainha do ano passado. E, só no finalzinho do jogo, que parecia perdido, Luxemburgo voltou ao esquema, com Cafu na lateral-direita, Amaral de volante e o italiano Osio dividindo com Rivaldo a armação do ataque.
Coincidência, ou não; fruto do tudo ou nada, ou não, o fato é que foram cinco minutos de volta aos dois jogos anteriores, que deram o título ao Palmeiras.
Hoje, contra a Ferroviária, é conferir.
*
Quanto ao Santos, ouso dizer que, juntamente com o Palmeiras, tendo o Corinthians de Edmundo e o São Paulo (mais pelo carisma da camisa e por Telê) no encalço, é um dos favoritos ao título.
Pelo menos, haverá de ser aquele time que nos dará os melhores instantes de um futebol engenhoso, leve e agressivo. Não só pela genialidade de Giovanni, mas, sobretudo, porque estará cercado de companheiros à altura, já que Vágner e Robert renovaram seus contratos.
Fico só imaginando esse time do meio-campo pra frente, com Giovanni, Jamelli, Vágner e esse neguinho precioso, Kennedy. É coisa de enlouquecer.
*
Ah, sim não citei o Guarani, que hoje enfrenta o Mogi, de propósito. Era só para dar-lhe um espaço mais nobre: se Amoroso estiver realmente recuperado, com o apoio dos meias Alberto (ex-Bragantino) e Fábio Augusto, o Bugre haverá de flechar muitas esperanças.
Apesar de tudo, acho que vamos ter futebol.

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