São Paulo, domingo, 28 de janeiro de 1996
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Ônibus espacial é metade foguete, metade avião

RONALDO ROGÉRIO DE FREITAS MOURÃO
ESPECIAL PARA A FOLHA

A nave espacial recuperável é um engenho híbrido: metade foguete, metade avião. Isso permite que sirva também de ligação entre as estações espaciais permanentes e as bases terrestres. Sua concepção torna possível a reutilização da nave num intervalo de quatro a sete dias, destinados a reparos e manutenção entre duas missões.
Isso reduzirá os custos dos programas espaciais em cerca de 90%. Tais naves serão o elo entre a aeronáutica e a astronáutica.
Uma lançadeira ("shuttle") é capaz de colocar em órbita de 18 toneladas a 29 toneladas de carga útil, capacidade maior do que a de qualquer foguete, com exceção do Saturno-5, que podia orbitar com carga útil superior a 90 toneladas. O mais importante é que a carga pode ser reconduzida à Terra para manutenção e aperfeiçoamento, permitindo que venha a ser usada outras vezes.
O elemento orbital da lançadeira (Orbiter) tem dimensões equivalentes às de um avião comercial. O elemento lançador (Booster) fornece, na partida, impulso de 107 milhões de quilogramas-força ao nível do mar. O combustível, mistura de oxigênio e hidrogênio a alta pressão, se esgota a 40 km de altitude, quando então os motores se destacam e descem com o auxílio de pára-quedas, flutuando no oceano até a sua recuperação.
O desenho aerodinâmico da nave tem permitido o seu retorno ao aeroporto de lançamentos após uma só revolução, qualquer que seja a inclinação de sua órbita.
Pode ainda realizar um acoplamento com qualquer satélite ativo que circule na sua órbita, para recuperá-lo e relançá-lo.
A Nasa estimou que, no período de 1983 a 1994, cerca de 560 vôos com as lançadeiras seriam efetuados, com uma média de 60 vôos anuais depois de 1986. Tal frequência representaria um aumento considerável nas atividades.
Entre os usuários prováveis estariam a Nasa, com 267 missões; outras agências dos EUA, 28; operações comerciais, 60; organizações estrangeiras, 65; Departamento de Defesa dos EUA, 190.
O advento das lançadeiras deu novas oportunidades ao povo de atingir também o espaço. Até então, só 28 homens pertenciam ao corpo ativo de astronautas. A Nasa já começou a aceitar inscrições para selecionar 15 pilotos de lançadeiras e 15 outros especialistas em vôo. Cerca de 1.300 pessoas se inscreveram, sendo 150 mulheres.
Desde 1982, qualquer empresa ou agência governamental já pode colocar em órbita um satélite de 100 kg. Essa era a previsão estimada pela Nasa ao anunciar em 1977 o sucesso dos primeiros testes de vôo com o ônibus espacial.
As lançadeiras espaciais já estão substituindo os foguetes de lançamento, não havendo mais a perda das naves como anteriormente.
Com os lançadores atuais, o custo por quilograma em órbita é de cerca de US$ 5.000 e, com o novo sistema, deverá baixar para quantias inferiores a US$ 100, segundo previsões mais otimistas.
Tal redução beneficiaria não só os governos, mas também as sociedades privadas, que só se interessavam pelos satélites de comunicações, únicos que, apesar dos altos preços, ofereciam e oferecem perspectiva de lucro.
(RRFM)

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