São Paulo, domingo, 28 de janeiro de 1996
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Acordo de paz com a Síria é chave para região

CLÓVIS ROSSI
DO ENVIADO ESPECIAL

Para que haja de fato uma paz duradoura e abrangente no Oriente Médio, é preciso antes de mais nada superar o impasse entre Síria e Israel. O resto viria com naturalidade, dizem especialistas.
Caso, por exemplo, de Ehud Yaari, editor da revista israelense "The Jerusalem Report", especializada em Oriente Médio:
"Um acordo com Hafez Assad (presidente sírio) permitiria a Israel fechar o círculo de arranjos com o mundo árabe", escreve.
O problema é que há uma razoável distância nas duas propostas para a paz, em todas as negociações desde 1991, quando se reuniram pela primeira vez em Madri.
Israel quer um acordo sobre abertura de fronteiras, troca de embaixadores, comércio, turismo e livre fluxo de bens, serviços e pessoas, antes mesmo de começar a discussão sobre os passos de sua retirada das colinas do Golã.
A Síria limita-se a aceitar o princípio de que a normalização de relações começará antes da retirada israelense. Mas recusa compromisso com qualquer ritmo de normalização até que Israel aceite retirar-se para as fronteiras prévias à guerra de 67 e remover todos os civis e soldados do Golã.
Assad já chegou a dizer a emissários dos EUA que fazem a ponte entre os dois países que um encontro entre ele e o premiê israelense Shimon Peres já não é impossível.
Ao menos para a Síria, o aspecto econômico parece ser um obstáculo para a paz, a julgar por avaliações da inteligência israelense.
Em depoimento ao Parlamento de Israel, o general Moshe Yaalon disse que Assad teme que a paz traga consigo uma espécie de conquista econômica da Síria por Israel. Se a hipótese se concretizar, prossegue a análise, Assad teme ser afastado do poder, que exerce ditatorialmente há décadas.
(CR)

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