São Paulo, segunda-feira, 29 de janeiro de 1996 |
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Vocação para a paz
NELSON DE SÁ
É o que se pode chamar de um discurso bem alinhado -que não cairia nas graças, por exemplo, da Argentina da Índia, o Paquistão. Paquistão que, no momento da "vocação para a paz", teve uma mesquita atacada por um míssil indiano, iniciando um período de conflito. Na CNN, foram manchete os "tiroteios" entre os exércitos indianos e paquistaneses, como reflexo do ataque. O Paquistão declarou que "vai reagir", mas negou "uma guerra com a Índia". O país com "vocação para a paz", com o qual o Brasil se alinhou para reformar a ONU, ainda ganhou presença ontem com o teste de mais um míssil de médio alcance. Isso, apesar da "condenação internacional", em particular do Paquistão, que descreveu a arma como feita especialmente para atingir o país. É o que dá, na nova ordem, a opção do alinhamento. Judeus negros Mas vai saber o que seria da Índia, sem o Paquistão. Sabe-se bem, agora, o que está sendo de Israel. Sem inimigo externo, o país enfrentou mais um conflito de judeus contra judeus, agora com "judeus jogando pedras em judeus", na descrição algo irônica da CNN. Na descrição da brasileira CBN, foram "judeus negros". Na descrição mais contida da CNN, "judeus etíopes". "Negros" descreve melhor o conflito. Ontem, "milhares" enfrentaram os policiais, com direito a "balas de borracha", por serem discriminados. Segundo eles, o Estado não aceita o seu sangue em doação. Há discriminação em escolas e "até em sinagogas". Afinal, caiu o muro em Israel. Brancalhada No Brasil, que ainda não tem inimigos externos, na MTV, no programa de "rap", um grupo de Recife, onde também há pretos e brancos, cantou "Qual o Preço da Cor". Revelou a "periferia" do Recife, que não é diferente, e ameaçou a "brancalhada" toda do país, "se o preto brasileiro se deixar tocar". Texto Anterior: Maciel quer priorizar votação de parecer Próximo Texto: Eleição faz governo perder controle do cofre Índice |
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