São Paulo, segunda-feira, 29 de janeiro de 1996 |
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Dinheiro só mudou de cor, diz motorista
CLÁUDIA TREVISAN
"Quem é rico é rico, quem é pobre é pobre", diz Jânio. Em seu cotidiano, o país das oportunidades se transforma no país da exclusão e da imobilidade: "Se continuar do jeito que vai, o Brasil não tem jeito, não", diz. Para Jânio, nada mudou com o Plano Real -só a cor do dinheiro. "A sobrevivência do povo está cada vez mais difícil. Em cada lugar, a gente vê uma dúzia de pessoas sem condições de trabalho e sem condições de moradia." Eleitor de Luiz Inácio Lula da Silva, Josué afirma que a situação só vai mudar quando o país tiver governantes preocupados com a questão social -o que, segundo ele, não é o caso do presidente Fernando Henrique Cardoso. Motorista de ônibus, Josué ganha R$ 608 por mês. Tem uma companheira e sete filhos. "Falta tudo neste país. A gente que é pobre quer manter o filho em escola boa, mas não pode pagar a mensalidade." Jânio faz o primeiro colegial em uma escola pública e é categórico: "Eu não sou otimista não. Ou vai dizer que essa vida nossa é boa?" Para ajudar a família, Jânio vende cervejas e refrigerantes na rua, atividade que lhe rende, em média, R$ 200 por mês. Seu pai, Josué, afirma que o único mérito do Plano Real foi ter reduzido a inflação. O dinheiro, segundo ele, ficou mais difícil, principalmente para as pessoas de baixa renda. "Para o rico, sempre tem um jeito", diz. Texto Anterior: Ex-office boy vira diretor de fábrica em SP Próximo Texto: Sem-terra decidem intensificar confronto Índice |
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