São Paulo, segunda-feira, 29 de janeiro de 1996
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'Novela' de O.J. Simpson recomeça morna

BARBARA GANCIA
COLUNISTA DA FOLHA

Recomeçou a novela. Os Estados Unidos podem estar para lá de saturados da exaustiva cobertura que a mídia dedicou ao caso O.J. Simpson.
Mas, nem por isso, serão poupados de novo bombardeio.
Na semana passada, começou a segunda fase da história do ex-astro de futebol americano absolvido da acusação de assassinato de sua mulher e um amigo dela.
Simpson agora responde a processo civil, movido pelas famílias das vítimas, que exigem uma indenização de alguns milhões de dólares.
Mesmo tendo sido inocentado, o astro foi -e, para meia América, continua sendo- o único suspeito de ter assassinado a mulher e mãe de seus dois filhos, Nicole Simpson, e seu amigo, Ronald Goldman.
As famílias das vítimas, que afirmam publicamente considerá-lo culpado, pretendem arrancar "até seu último tostão", conforme declaração recente do pai de Goldman.
Mal refeitos de quase um ano de trabalho em cima do caso, voltam à ativa jornalistas, como o excelente Jeffrey Toobin, da revista "The New Yorker", comentaristas como Dick Thornberg, ex-"attorney general" -o equivalente norte-americano de nosso ministro da Justiça-, e advogados como o professor da Universidade de Harvard Alan Dershcowitz, integrante do time que defendeu Simpson no processo criminal.
Na TV paga CNN, que aumentou em cerca de 300% sua audiência por conta da transmissão do caso, recomeçaram as mesas redondas para esmiuçar todos os detalhes da história -com os mesmos advogados e comentaristas que cobriram o primeiro processo.
Mas este segundo round não será outro prato cheio para a mídia.
Contrariamente ao processo criminal, desta vez as câmeras de televisão não poderão invadir a corte.
E o caso, que continua a ser destaque na CNN, não desperta mais tanta atenção.
Basta ver que, durante o julgamento anterior, era praticamente impossível telefonar ao programa "Larry King Live" para participar de entrevistas com pessoas envolvidas no caso.
Agora, as linhas estão quase sempre desocupadas.
O público deve estar mesmo cansado do caso envolvendo o ex-astro de futebol americano. As linhas do programa estavam livres até na última sexta, quando King apresentou trechos de um vídeo que O.J. acaba de lançar, contando, pela primeira vez, sua versão da história.
O vídeo mostra Simpson dizendo banalidades como: "Fui educado por minha mãe para não fazer aos outros o que não gostaria que fizessem comigo" e "Se você não gosta de mim, me deixe em paz."
Pelo visto, o pedido -a la presidente Figueiredo- está prestes a ser atendido.

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