São Paulo, segunda-feira, 29 de janeiro de 1996
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Os relatores da fama

São imprevisíveis os caminhos que levam à notoriedade. Mas certos atalhos que parecem conduzir rapidamente à fama desembocam antes na histrionice.
Primeiro foi o deputado Euler Ribeiro (PMDB-AM), relator da comissão de reforma na Previdência, que em seu parecer inicial sobre o projeto conseguiu descaracterizar quase todos os pontos considerados prioritários para o Executivo.
Mais recentemente, o deputado Moreira Franco (PMDB-RJ), relator da emenda de reforma administrativa, prometeu "mudar a concepção" do projeto do governo, uma vez que este se preocuparia apenas com o corte de despesas -que "só serve aos governantes". Por fim é o deputado Saraiva Felipe (PMDB-MG), sub-relator de infra-estrutura do Orçamento da União de 96, que, oscilando entre a generosidade e a avareza, pretendia destinar à sua base eleitoral 37% das verbas para projetos defendidos por parlamentares e agora, para atender aos inúmeros pedidos que disputam R$ 250 milhões para emendas em projetos do DNER, decidiu fazer um rateio, restando às propostas de cada congressista apenas R$ 200 mil, que mal permitem iniciar uma obra.
As ditaduras prescindem do Legislativo. Mas nas democracias é inegável que cabe a esse poder discutir os projetos do Executivo, e não aprová-los automaticamente. É o que se espera dos parlamentares.
Como, porém, as intenções contidas nas primeiras bravatas têm ficado muito aquém do que afinal se decide, é inevitável a impressão de que se criam dificuldades apenas para dar aos parlamentares um oneroso poder sobre o governo.

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