São Paulo, segunda-feira, 29 de janeiro de 1996 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
O jogo dos aliados
VALDO CRUZ BRASÍLIA - O presidente Fernando Henrique Cardoso já foi avisado pelos principais aliados no Congresso: a emenda constitucional que lhe garante o direito à reeleição não passa este ano.PFL e PMDB não estão dispostos a discutir o tema agora. Dizem que o tempo certo é o próximo ano. Cada um justifica ao seu modo a falta de interesse em tratar do assunto em 96. Os pefelistas jogam a maior parte da culpa em cima do PMDB. Os caciques do partido dizem acreditar que a emenda passe pela Câmara, presidida pelo pefelista Luís Eduardo Magalhães. Mas garantem que no Senado ela emperra. Na avaliação do PFL, o presidente da Casa, o peemedebista José Sarney, não coloca a emenda em votação neste ano. Afinal, ele está de olho na sucessão de FHC. Entre os peemedebistas, a justificativa principal é outra. Os líderes do PMDB dizem que a emenda da reeleição impediria a aprovação de reformas fundamentais para o governo, como a previdenciária e a administrativa. Só que o real motivo dos dois "aliados" se recusarem a falar de reeleição agora é outro. De olho na sucessão, tanto o PFL como o PMDB querem aguardar o comportamento do governo tucano em seu segundo ano. Suspeitam que FHC pode não conseguir baixar ainda mais a inflação em 96. Além disso, avaliam que a equipe econômica dos tucanos pode não garantir taxas de crescimento que evitem uma crise social no país. A avaliação é feita por líderes dos dois partidos, quando convidados a falar, sob reserva, do tema reeleição. Caso a avaliação se confirme, o que seria péssimo para o país, pefelistas e peemedebistas acreditam que suas chances na eleição de 98 aumentariam. Então não votariam a reeleição para FHC. No outro cenário -a inflação caindo ainda mais e o país voltando a crescer a taxas superiores a 6% ao ano-, os dois "aliados" sabem que é quase impossível derrotar FHC. Mesmo que não ganhe o direito de se reeleger, FHC faria o seu sucessor. Aí, avaliam PFL e PMDB, é melhor ficar com o tucano de hoje. O de amanhã pode não querer as mesmas companhias nos quatro anos seguintes. Texto Anterior: A Índia e a Nova Brasília Próximo Texto: Lavaram São Paulo Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |