São Paulo, terça-feira, 30 de janeiro de 1996
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Maioria governista quer ministro em eleição

LUCIO VAZ; MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O PMDB ficou isolado entre os quatro grandes partidos governistas ao condenar a participação dos ministros na campanha das eleições municipais. Os caciques do PSDB, PFL e PPB defendem a presença dos ministros nos palanques.
Para afastar os ministros da campanha, o PMDB só conta com os partidos governistas de menor porte. O líder em exercício do PTB na Câmara, Vicente Cascione (SP), e o presidente nacional do PL, Álvaro Vale (RJ), acham que será impossível desvincular a ação dos ministros do uso da máquina.
Juntos, os partidos favoráveis à participação dos ministros na campanha somam cerca de 270 deputados e 40 senadores. Os partidos contrários ao engajamento contam com 130 deputados e 28 senadores.
O senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) classificou de "tola" a discussão: "O que eu não posso entender é que os ministros usem a verba e não o verbo".
O presidente nacional do PPB, senador Esperidião Amim (SC), afirmou que seria uma "estupidez" impor uma abstinência política aos ministros que chegaram aos cargos por serem políticos. O PPB não tem representantes na Esplanada.
No palanque
Mesmo no PMDB, o veto à participação dos ministros não é uma unanimidade. O secretário de Políticas Regionais, Cícero Lucena, um dos três representantes do partido na Esplanada dos Ministérios, diverge da orientação do partido.
Lucena prepara o lançamento de sua candidatura à Prefeitura de João Pessoa, capital da Paraíba, e tem prazo até abril para trocar o cargo pelo palanque.
Ao contrário da cúpula do PMDB, Cícero Lucena é favorável à participação dos colegas na campanha para as prefeituras.
"Vivemos um processo democrático e os ministros são agentes políticos", argumentou. "Não há inconveniente desde que não se use a máquina ou dinheiro público na campanha", completou.
Há 15 dias, o PMDB cobra de FHC um veto à participação dos ministros na campanha.
O secretário supõe, porém, que a orientação detalhada de FHC para o comportamento dos ministros nos palanques terá que levar em conta os conflitos entre os partidos aliados ao governo que detêm representação no ministério.
No PMDB-PB, só se cogita de uma hipótese para Lucena não disputar a prefeitura: FHC lhe oferecer um cargo melhor no governo.

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