São Paulo, terça-feira, 30 de janeiro de 1996 |
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Explosões nucleares acabaram, diz Chirac
VINICIUS TORRES FREIRE
O presidente Jacques Chirac fez o anúncio em cadeia de rádio e TV, às 20h (17h de Brasília). A 210ª e suposta última explosão francesa aconteceu no sábado no atol de Fangataufa (Pacífico Sul). Outros cinco testes foram realizados desde o início do último programa de experimentos, no dia 5 de setembro de 1995. Chirac disse que agora a "França vai dispor, de maneira durável, de uma defesa confiável e moderna. A segurança de nosso país, a de nosso filhos, está assegurada". O presidente francês afirmou que não ficou "insensível" aos protestos mundiais contra os testes, que provocaram "inquietude e emoções", mas que isso não afetou sua decisão de realizá-los. "Nossas armas de dissuasão são um instrumento da paz". O programa de testes acaba três meses antes do previsto. Mesmo entre funcionários do governo, reconhecia-se ontem que a decisão foi mais política do que técnica. No que diz respeito à técnica, a maior parte da comunidade científica não ligada aos militares contestou a necessidade das explosões desde que elas foram anunciadas. Os franceses tinham três objetivos aos explodir seis bombas nos atóis de Mururoa e Fangataufa. Terminaram de desenvolver a nova ogiva nuclear que vai equipar os mísseis da frota submarina, testaram o atual arsenal e recolheram dados para o programa de simulação de testes em laboratório. Agora, as novas armas serão desenvolvidas com a ajuda de supercomputadores e de um laser que vai provocar microexplosões de núcleos de átomos de hidrogênio. O programa de simulação está orçado em US$ 2 bilhões. EUA e Reino Unido dizem também que vão realizar suas pesquisas nucleares militares em laboratório, seguindo sugestão francesa. Em meio à onda mundial de protestos, no ano passado, a França propôs que a proibição de qualquer experimento nuclear "real" constasse do Tratado Abrangente para Proibição de Testes. O tratado que está sendo negociado em Genebra (Suíça) prevê a permissão de minitestes. Patrocinado pela ONU, ele deve ser assinado em meados deste ano pelas potências nucleares ocidentais. China e Rússia estão reticentes. A Índia exige que todas as armas nucleares sejam destruídas como condição de sua adesão. Os indianos consideram que os tratados de não-proliferação nuclear fecham as portas do clube nuclear ao Terceiro Mundo. Os países árabes, por sua vez, temem ficar desarmados diante do suposto arsenal israelense. Também ontem, a França anunciou a assinatura do acordo de Rarotonga, que cria zona desnuclearizada no Pacífico Sul. Texto Anterior: Israel vai investigar racismo Próximo Texto: França e Alemanha tentam salvar moeda Índice |
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