São Paulo, terça-feira, 30 de janeiro de 1996
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França e Alemanha tentam salvar moeda

DE PARIS

Alemanha e França anunciam hoje medidas para reaquecer suas economias, controlar seus déficits públicos e evitar o fracasso do tratado de unificação monetária da Europa, o Tratado de Maastricht.
O acordo prevê que os países da União Européia passem a utilizar uma mesma moeda, o euro -isto é, economicamente a Europa passaria a seu um único "país".
No entanto, para poder usar o euro, os governos têm até 1997 para tirar suas contas do vermelho. O déficit público não pode ultrapassar 3% do PIB e a dívida pública deve ser menor do que 60% do PIB (o Produto Interno Bruto, soma de todos os bens e serviços produzidos em um ano).
Alemanha e França, as duas maiores economias européias, apresentaram no final do ano passado um descontrole do déficit (a diferença entre o que o governo arrecada e gasta).
A Alemanha, que ao lado de Luxemburgo era um dos dois países que cumpriam os critérios de Maastricht até o ano passado, teve déficit superior a 3%.
O quadro piorou com a baixa das previsões da taxa de crescimento econômico, tanto na França quanto na Alemanha. Menos produção significa menos impostos e ainda mais déficit.
Os alemães devem anunciar hoje um programa extenso, duro e de longo prazo de reestruturação da economia, de caráter liberal.
Os alemães vão ainda dificultar as aposentadorias antecipadas, restringir o salário-desemprego e o reembolso das despesas médicas.
Apesar da necessidade de fazer caixa, o governo alemão vai cobrar menos impostos das empresas, para estimular investimentos. Tentará compensar o corte de vantagens e incentivos fiscais. A Lufthansa, companhia aérea, e outras estatais serão privatizadas.
Os franceses devem adotar medidas mais tímidas. Pretendem diminuir as taxas de remuneração da poupança, para estimular o consumo, e baixar os juros, para aumentar os investimentos. No ano passado, o governo lançou um plano contra o déficit da Previdência.
Desde o final do ano passado, os sacrifícios sociais determinados pela contenção de gastos públicos imposta pelo Tratado de Maastricht provocam críticas às políticas francesa e alemã. Até membros dos governos sugerem que os indicadores propostos para a união monetária sejam abrandados.

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