São Paulo, terça-feira, 1 de outubro de 1996
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PT unificará estratégia para o segundo turno

EMANUEL NERI
DA REPORTAGEM LOCAL

O PT quer adotar uma estratégia e um discurso unificados na TV para seus candidatos enfrentarem o segundo turno das eleições. Se chegar à segunda etapa da disputa, o PT quer Luiza Erundina ajustada a esse esquema.
O Diretório Nacional do PT vai discutir essas propostas em reunião marcada para os dias 19 e 20 de outubro, em São Paulo. O partido quer a presença de todos os candidatos petistas classificados para a disputa do segundo turno.
A direção do PT conta com a eleição de dois prefeitos de capitais no primeiro turno -Porto Alegre (RS) e Rio Branco (AC). Para o segundo turno, acredita que terá candidatos em São Paulo e em outras nove capitais de Estados.
Nas contas do PT constam a ida de candidatos petistas para o segundo turno em Belo Horizonte (MG), Natal (RN), Maceió (AL), Campo Grande (MS), Belém (PA), Florianópolis (SC), Teresina (PI), João Pessoa (PB) e Aracaju (SE).
O PT acredita ainda em chegada de última hora ao segundo turno no Rio e Salvador. No Rio, Chico Alencar (PT) está dez pontos atrás de Sérgio Cabral (PSDB). Em Salvador, o PT está em segundo, mas pode não haver segundo turno.
Gilberto Carvalho, secretário de comunicação do PT, diz que três fatores pesaram para o desempenho do PT nessas capitais. O primeiro foi a unidade do partido. Um segundo foi um mínimo de inserção social nesses locais.
Um terceiro fator para o bom desempenho petista, segundo Carvalho, foi a "exposição da marca do partido com clareza". Carvalho não comenta, mas outros petistas acham que a campanha de Erundina pecou nesse último item.
O principal exemplo citado por esses petistas foi a escolha do lema "O PT que diz sim". No início da campanha, segundo eles, o marketing exagerou na imagem moderada de Erundina e se afastou do tradicional perfil do militante petista.
O zelo da campanha criou atritos no PT. "Na primeira fase, houve problemas. Mas a gente acha que foram corrigidos. O crescimento se deve a isso", diz Carvalho, ligado a Luiz Inácio Lula da Silva.
Para Carvalho, a mudança na linha da campanha reaproximou Erundina da militância petista. "Vamos trabalhar agora pela unidade nacional", afirma, referindo-se à unificação do discurso que o PT quer ver no segundo turno.
Resistências
O PT terá dificuldades para mudar o discurso de Erundina. "Se depender de mim, não muda", afirma Pedro Dallari, coordenador de comunicação de Erundina. Mas diz que aceita conversar com o PT.
"Vamos ganhar passaporte para o segundo turno com um programa (de TV) centrado na apresentação de propostas e na explanação sobre sua execução", afirma. A fórmula, diz ele, deu certo.
Para Dallari, o PT deve obter este ano seu segundo melhor resultado em São Paulo. Acredita que Erundina terá entre 25% a 26% dos votos. Resultado melhor só ocorreu em 1988, quando ela se elegeu prefeita com pouco mais de 29%.
Segundo Dallari, denúncias contra Celso Pitta (PPB) no segundo turno serão "sempre subordinadas" às propostas da petista.

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