São Paulo, terça-feira, 1 de outubro de 1996 |
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UDR alerta Rainha sobre confronto
LUIZ MALAVOLTA
Fazendeiros enviam recados ao líder sem terra dizendo que clima é propício a enfrentamento Fazendeiros da UDR (União Democrática Ruralista) estão armados e prontos para repelir qualquer tentativa de invasão de suas terras. O recado foi transmitido ontem ao líder dos sem-terra no Pontal do Paranapanema, José Rainha Jr., por dois representantes do Sindicato Rural de Presidente Prudente, entidade não-vinculados à UDR. Joel Amaro Mascarenhas, vice-presidente do sindicato, e Bechara Saab reuniram-se no final da manhã com Rainha, em Teodoro Sampaio (710 km a oeste de São Paulo). A reunião foi a portas fechadas. Rainha disse que os dois foram adverti-lo que "o clima é propício a um enfrentamento". "Eles me informaram que fazendeiros, cujos nomes não foram mencionados, estão armados e prontos para enfrentar as ocupações", disse Rainha. Pedido de calma Bechara também não revelou os nomes dos fazendeiros que estariam dispostos a enfrentar as invasões. "Eu vim pedir aos sem-terra um pouco de calma e que evitem novas invasões, pois o clima não é nada bom." Mascarenhas afirmou que fazendeiros vinculados à UDR estão "irritados" e não vão mais "tolerar" invasões. "Estamos a um passo de um confronto, se uma das partes não ceder. Nós não pactuamos com ações violentas. O diálogo ainda é o único caminho", afirmou. A Agência Folha não conseguiu localizar ontem o presidente da UDR, Roosevelt Roque dos Santos, para comentar essa informação dos fazendeiros. O MST colocou em prática no domingo uma "operação eleitoral", que prevê manifestações e invasões de terra durante toda a semana. Na madrugada de anteontem, cerca de 700 sem-terra invadiram a fazenda Rancho Grande, em Euclides da Cunha (760 km de São Paulo), e iniciaram, com tratores, iniciaram o plantio de milho e mandioca. Ontem, os sem-terra permaneciam na área. O dono da fazenda, Otávio Eduardo Ferreira, ingressou na Justiça com pedido de reintegração de posse. O juiz de Teodoro Sampaio, Wagner Carvalho Lima, disse que até hoje, às 12h, vai decidir a concessão da reintegração de posse e o despejo dos sem-terra. Acordo Os representantes do sindicato estão apostando que, em uma reunião a ser realizada hoje em Presidente Prudente, saia um acordo com o governo para desapropriar fazendas no Pontal. O acordo não saiu até agora por causa dos valores a serem pagos. O governo oferece entre R$ 300 e R$ 500 por hectare de benfeitorias (casas, pastos, cercas). Os fazendeiros exigem R$ 825. Rainha diz que, se não houver acordo, o MST vai invadir as fazendas, cujos donos não aceitaram as propostas do Incra. Bloqueio Cerca de 50 mulheres sem-terra voltaram a fazer ontem à tarde o bloqueio da agência do Banco do Brasil em Teodoro Sampaio (710 km a oeste de São Paulo). O grupo era liderado pela sem-terra Diolinda Alves de Souza. Os sem-terra estão cobrando do banco a liberação de R$ 2,2 milhões em financiamento para o plantio da safra de verão. O recurso faz parte do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento à Agricultura Familiar). A superintendência do banco não liberou ainda o dinheiro porque os sem-terra não apresentaram avalistas para o crédito. Diolinda disse que os sem-terra devem bloquear hoje outras agências do BB no Pontal. Ontem, o gerente de negócios do BB em Presidente Prudente, José Renato da Costa, disse que a intenção é liberar o crédito individualmente. Rainha disse que os sem-terra não aceitariam o financiamento assim. "Esse dinheiro tem de sair pela cooperativa dos assentados", disse. Texto Anterior: Vereador do PT é eleito para comissão Próximo Texto: Covas privilegia setor que será privatizado Índice |
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