São Paulo, terça-feira, 1 de outubro de 1996
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Covas privilegia setor que será privatizado

FÁBIO SANCHEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

As empresas de energia de São Paulo, que começarão a ser privatizadas no próximo ano, são privilegiadas no orçamento estadual de 1997, que o governador Mário Covas enviou ontem à Assembléia Legislativa. O valor total do orçamento é de R$ 35 bilhões.
As quatro empresas (Cesp, CPFL, Eletropaulo e Comgás) investirão, juntas, R$ 1,6 bilhão, o equivalente a 24% do total dos investimentos previstos em todo o orçamento -R$ 6,722 bilhões.
"Quando se vende um carro, é necessário dar uma arrumada nele antes", comparou o secretário de Planejamento do Estado, André Franco Montoro Filho, ao entregar o orçamento na manhã de ontem ao presidente da Assembléia Legislativa, Ricardo Trípoli.
O objetivo do governo ao prever maiores investimentos para essas estatais é sanear as empresas visando a implantação do PED -Programa Estadual de Desestatização, aprovado pela Assembléia Legislativa em junho.
O governo também destinará R$ 10 milhões em publicidade para divulgar esse programa. Já no próximo ano, a previsão é que entre para o caixa do governo R$ 500 milhões vindos da privatização, menos de um terço do que será investido pelas próprias empresas.
A Cesp é a empresa que mais investirá (R$ 723 milhões) e a que tem a maior dívida. Deve R$ 11,4 bilhões, quase o mesmo valor de seu patrimônio líquido, de R$ 12,6 bilhões.
Além desse investimento, o governo espera obter um empréstimo de R$ 1,8 bilhão do BNDES para aplicar no saneamento das empresas. O objetivo é arrecadar R$ 20 bilhões com a venda das estatais de energia.
Segurança
O secretário Montoro destacou na reunião na Assembléia o investimento do governo em segurança pública. Segundo o secretário, o governador pediu a ele no dia 20 que essa área fosse priorizada.
O orçamento destinou investimentos de R$ 147 milhões para a segurança, que serão gastos na compra de equipamentos, como automóveis (R$ 45 milhões para comprar 3.000 carros novos).
Não se fala, entretanto, em aumentos para funcionários das polícias civil e militar. "A questão salarial é complexa e vai depender da arrecadação durante o ano", disse.
Na área de saúde serão investidos no próximo ano R$ 225 milhões, sendo mais da metade recursos de empréstimos internacionais e do Sistema Único de Saúde -que repassa recursos federais para o Estado.
Na área de educação, serão investidos R$ 277 milhões -metade proveniente de empréstimos.
Depois das estatais de energia, o maior investimento em uma única área é o que será realizado pela Sabesp: R$ 1,050 bilhão em saneamento básico.
Covas tem prometido zerar o déficit do abastecimento de água no Estado até o final de sua gestão e, para isso, terá que investir pelo menos esse mesmo valor em 1998.
Dificuldades
Segundo Ricardo Trípoli, o orçamento só começará a receber emendas na próxima semana, pois 16 dos 94 deputados são candidatos a prefeito e só voltarão a frequentar a Assembléia após o dia 3.
Os deputados terão cinco sessões legislativas para apresentar emendas. A Lei de Diretrizes Orçamentárias, votada no primeiro semestre, recebeu mais de 2.000 emendas, o que mostra a dificuldade do governo Covas em aprovar seus projetos na Assembléia.

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