São Paulo, terça-feira, 1 de outubro de 1996
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Gasto com dívidas supera o de Educação

RICARDO FELTRIN
DA REPORTAGEM LOCAL

A Prefeitura de São Paulo reservou, no orçamento para 97, mais dinheiro para pagar dívidas do que, por exemplo, para Educação, Transportes ou Habitação.
No projeto de orçamento de R$ 7,6 bilhões entregue ontem pelo prefeito Paulo Maluf à Câmara Municipal -que precisa aprová-lo-, R$ 902 milhões (11,8% do total) foram reservados para pagamento de dívidas da cidade.
Esse valor representa a segunda maior fatia do orçamento, atrás apenas da secretaria da Saúde, que ficou com R$ 1,18 bilhão (leia textos e quadro na pág. 3).
O "orçamento" das dívidas é superior ao das secretarias da Habitação (R$ 514,5 milhões), Abastecimento (R$ 116,7 milhões), Esportes (R$ 55,9 milhões) e até a Câmara Municipal (R$ 114 milhões) somados.
Segundo o secretário de Finanças, José Antônio de Freitas, o pagamento real das dívidas não deve superar R$ 130 milhões em 97 porque a prefeitura "rola" a dívida.
Ele afirma que a rolagem pode ser de "95%, 98% e até 100%".
Essa rolagem é o adiamento do pagamento total da dívida, através da emissão de títulos.
Para economistas consultados pela Folha, a emissão de títulos municipais, como as chamadas LFTM (Letras Financeiras do Tesouro Municipal), nada mais é do que um "novo endividamento".
A emissão de títulos é feita na medida em que os títulos vão vencendo. "Eles colocam novos títulos no lugar dos velhos. E emitem um montante ainda maior para cobrir novas despesas não cobertas pelas receitas ordinárias", afirma José Dutra, economista e professor de matemática financeira.
Até junho deste ano, a dívida total da cidade era de R$ 5,7 bilhões.
Até dezembro deverá chegar aos R$ 6 bilhões.
Nesse valor não estão incluídas dívidas com processos judiciais, por exemplo. É apenas a dívida interna e externa da cidade.
"Isso significa que a prefeitura vai continuar comprometendo os recursos para pagar dívidas, enquanto destina menos dinheiro para as áreas sociais", diz Odilon Guedes (PT), vereador e ex-presidente do Sindicato dos Economistas de São Paulo.
Segundo Freitas, a emissão de títulos para a rolagem da dívida paulistana é um mecanismo previsto pela Constituição e reproduzido nos outros Estados.

LEIA MAIS à pág. 3

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