São Paulo, terça-feira, 1 de outubro de 1996 |
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Impiedoso, lugar-comum espreita a cada lance
MÁRIO MAGALHÃES
Incrível seria pedir para o time perder. Depois: ambiente festivo no vestiário da vitória. Só equipe masoquista celebra o fracasso -e que história saborosa haveria para se contar. Fulano jogou mal, mas não se quer dizer? Fulano ainda não mostrou tudo o que sabe, todo o seu futebol. Sicrano foi razoável? Então não comprometeu. Está feliz? Claro, em estado de graça. Para animar: no paaaaaaau. Pena que a trave há muito não seja de madeira. Gol? Tá no filó -mas a maldita rede é de náilon de outro tipo. As nuvens se foram, a chuva parou, e o sol brilha? Bom tempo para a prática do futebol. Se um troglodita quebrou o tornozelo do atacante, abusou das entradas faltosas. O artilheiro foi comemorar com a torcida um gol nascido de um toque preciso? Recebeu um lindo passe e correu para os aplausos da galera. É bom avisar: treinador diz que adversário merece respeito. Ah, pensava que era para desrespeitar. Quando há talento novo na praça, que se anuncie a grata revelação. O craque foi excelente? Um show de categoria numa tarde inspirada. Se o time todo jogou bem, foi convincente e espantou a crise. E o oponente, teve poucas chances de gol? É porque não deu trabalho ao goleiro. Como a partida era importante, foram perdidos pontos preciosos. Se no jogo seguinte a equipe ganhou, reencontrou o caminho das vitórias. Caso contrário, com a demissão do técnico, o professor vai ter que procurar emprego. Ficará tão chateado quanto o jogador que, apesar do sucesso no clube, novamente não foi lembrado por Zagallo. Quando chegar sua hora na seleção, que ninguém se preocupe: ele estará confiante para a estréia. Mais ainda se o gramado for uma mesa de bilhar. Aí mesmo é que vai arrebentar a boca do balão. * O vôlei é um dos poucos esportes em que, como no tênis, a competição feminina entusiasma mais do que a masculina. Entre os homens, nos dois esportes, a força e a altura dos jogadores se impõem como determinantes. A técnica conta cada vez menos. Entre as mulheres, ainda há longas trocas de bolas, as partidas não se decidem com uma quantidade covarde de pontos de saque. O vôlei feminino, como se viu nos últimos dias, tem para o espectador o prazer que já escasseia no dos homens. Prazer maior ainda com o comovente triunfo da seleção brasileira no Grand Prix. * Há muito torcedor do Flamengo perdendo gol no estádio por não olhar para o campo. Explica-se: nas tribunas, com fidelidade de beatas, o trio Lúcia Veríssimo, Luma e Ísis de Oliveira não falta a um jogo. * Alexandre Barros é o Rubens Barrichello do motociclismo ou Rubens Barrichello é o Alexandre Barros da Fórmula 1? Matinas Suzuki Jr., que escreve às terças, quintas e sábados, está em férias Texto Anterior: Palmeiras tem uma 'missão impossível' contra Bragantino Próximo Texto: Passe livre Índice |
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