São Paulo, terça-feira, 1 de outubro de 1996
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Carla Camurati encena "ópera safada"

JOSÉ GERALDO COUTO
ESPECIAL PARA A FOLHA

A atriz e cineasta Carla Camurati enfrenta no mês que vem um novo desafio profissional: ela vai dirigir em Minas Gerais a ópera bufa "La Serva Padrona", de Giovanni Battista Pergolesi (leia texto abaixo).
A montagem é uma iniciativa da Fundação Torino (da Fiat) e da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg).
A fundação convidou o maestro Sergio Magnani para escolher e reger uma ópera. Magnani elegeu "La Serva Padrona", os promotores acharam que a obra de Pergolesi tinha a ver com o espírito do filme "Carlota Joaquina" e convidaram Carla para dirigi-la.
A diretora aceitou o convite sem piscar. "Depois de 'Carlota', eu fui convidada a dirigir novela, a trabalhar como atriz em cinema e TV e recusei tudo, pois queria me concentrar na preparação de meu próximo filme, 'DescoBrimento'. Mas não resisti à idéia de dirigir uma ópera."
Por coincidência, o mais recente trabalho de Carla como atriz, no cinema, foi no papel de uma cantora lírica italiana, no curta-metragem "Carlos Gomes", de Flavia Alfinito, rodado em Belém (PA).
Picante e ingênua
Carla, que já conhecia "Lo Frate 'nnamorato", do mesmo Pergolesi, declara-se apaixonada pelo libreto de "La Serva Padrona". "É uma ópera safada, picante, mas ao mesmo tempo ingênua e lúdica."
Para o elenco da ópera, Carla escolheu a soprano Silvia Klein, de 24 anos, como a serva Serpina, e o baixo José Carlos Leal, como o patrão, Uberto. Para fazer o terceiro personagem, o servo Vespone, a diretora chamou um velho amigo, o ator Thales Pan Chacon.
"Thales se animou todo, porque canta muito bem, mas acabei com o assanhamento dele dizendo que ia interpretar um mudo", brinca Carla.
A diretora não poupa elogios a Silvia Klein: "Ela tem uma voz maravilhosa e uma expressão incrível. Já foi punk e roqueira e consegue fundir essa energia com a da música lírica".
Carla Camurati declara-se animada também com a cenografia do espetáculo, criada por Renata Bueno e Renato Teobaldo, com objetos de cena de Fernando Melo. "Os cenários 'normais' da peça são quarto e sala, ou sala e jardim. Como não há no texto muitas indicações de ambiente, eu resolvi fazer uma cozinha."
A inspiração para a cenografia, de acordo com a diretora, veio do livro "Os Apontamentos de Cozinha de Leonardo da Vinci", que mostra "a cozinha feita com outro olhar".
A música da ópera ficará por conta da Orquesta Municipal de Belo Horizonte.
Por enquanto, já está definido que em abril de 1997 o espetáculo será levado à Eslovênia pelo governador de Minas Gerais, Eduardo Azeredo.

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