São Paulo, terça-feira, 1 de outubro de 1996
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Campo minado no Congresso

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - Está cada vez mais complicado o quadro da sucessão para as presidências da Câmara e do Senado, que vai ocorrer em fevereiro.
Por consequência, fica também totalmente comprometida a votação da emenda da reeleição.
A melhor imagem para a conjuntura é a de um campo minado, desses que se vê em filmes de guerra.
De um lado está o presidente Fernando Henrique Cardoso. Do outro, a emenda da reeleição. Entre os dois está um terreno infestado de minas prestes a explodir: os candidatos a presidente da Câmara e do Senado.
FHC terá de ser muito cuidadoso ao percorrer esse terreno minado. São sete candidatos declarados na Câmara. E já subiu para seis o número de pretendentes no Senado.
Podem ser somados a esses 13 candidatos os nomes de mais dois pesos-pesados: José Sarney (PMDB-AP), atual presidente do Senado, e Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), presidente da Câmara. Ambos também terão de ser acomodados.
FHC não tem como dar um ministério para cada um desses 15 políticos. Alguns ficarão de mão abanando, esperando uma próxima oportunidade. Mas vão garantir -ou não- a emenda da reeleição.
A tradição manda que os dois maiores partidos dividam as presidências das duas Casas. Hoje, o PMDB tem o Senado. O PFL, a Câmara.
Tudo indica que a tradição vai prevalecer. Resta apenas combinar isso com os perdedores. PMDB e PFL têm mais de um candidato cada.
Antes que os partidos se decidam internamente, ficará muito difícil para o presidente definir qual será o seu próximo passo.
Por tudo isso, o que foi dito e escrito até agora sobre sucessão na Câmara e no Senado deve ser tomado apenas como análise momentânea. Não sobrevive ao tempo e aos conchavos.
O campo minado só vai mesmo clarear no final de novembro, depois que estiver bem decantado o resultado das eleições municipais desta semana.
Isso, numa previsão otimista.

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