São Paulo, quarta-feira, 2 de outubro de 1996
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Fracassa tentativa de acordo em SP

LUIZ MALAVOLTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PRESIDENTE PRUDENTE

Fazendeiros do Pontal (extremo oeste de São Paulo) não assinaram ontem à tarde o acordo com o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) autorizando o governo a desapropriar suas fazendas para assentar 728 famílias de sem-terra.
Os três fazendeiros que participaram de uma reunião nas dependências da Unesp (Universidade Estadual Paulista) pediram prazo para decidir se aceitam a proposta do Incra e do Ipesp (Instituto de Terras do Estado de São Paulo).
O líder dos sem-terra no Pontal, José Rainha Jr., e o coordenador nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), Gilmar Mauro, ficaram irritados com o resultado da reunião.
"Para nós, acabou a lengalenga. Fizemos quatro reuniões e não houve acordo. Agora, vamos tomar pé da situação de outra forma e as ocupações dessas fazendas não estão descartadas", disse Rainha.
Proposta
O Incra e o Ipesp ofereceram aos fazendeiros uma proposta de pagar até R$ 750 por hectare. Mas esse pagamento seria sobre as benfeitorias existentes nas fazendas, como pastagens, casas e currais. O governo não pagaria pelas terras.
Villas Bôas disse que uma outra condição do acordo é que os fazendeiros assinem um termo de compromisso dizendo que abrem mão das terras e que não irão ingressar na Justiça para pedir indenizações.
Os três fazendeiros são donos de cinco propriedades em Sandovalina. Para o pecuarista Paes, a proposta não é boa. "Ela teria de ser de no mínimo R$ 2.000 por hectare. Não vou dar minhas fazendas de graça depois de 58 anos de trabalho", afirmou Paes.
Mascarenhas e Yamamoto pediram uma semana de prazo para decidir se aceitam a proposta.

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