São Paulo, quarta-feira, 2 de outubro de 1996
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Para candidata, ataques de Motta revelam 'descontrole'

DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de tentar evitar polêmica com os tucanos para viabilizar uma aliança no segundo turno das eleições, a candidata do PT à Prefeitura de São Paulo, Luiza Erundina, disse ontem que o comportamento do ministro das Comunicações, Sérgio Motta, "desqualifica a autoridade pública".
A petista se referia às declarações do ministro, que a considerou prepotente durante o debate de anteontem por sua idade.
"É um destempero verbal e um descontrole total. Esse tipo de baixaria e de grosseria eu acho que volta contra ele. Não é a melhor forma de uma autoridade se posicionar."
A candidata disse ainda que o tucano José Serra elogiou Paulo Maluf durante o debate porque sente uma ambiguidade em relação ao prefeito.
"É a dificuldade que eles (do PSDB) têm de justificar um embate com o Maluf aqui, tendo o partido dele (como aliado) no Congresso Nacional. E um partido (o PPB) que o presidente depende para a sua tese de reeleição."
Perguntada se esse tipo de crítica não prejudicaria um eventual acordo entre PT e PSDB depois de 3 de outubro, Erundina disse estar concentrada no primeiro turno.
Roberto Gouveia, um dos coordenadores da campanha petista, engrossou as críticas ao PSDB, comentando o episódio.
"O Motta fincou as traves do gol, botou a bola na marca do pênalti, amarrou o goleiro e o Serra jogou a bola no meio do mato. Ele entregou o ouro. Aliás, a bola bateu no travessão e marcou um gol contra", ironizou.
Quanto à intenção da direção nacional do PT de promover uma unificação de discursos dentro do partido, Luiza Erundina declarou que se trata de uma adequação de estratégia.
"A realidade de cada cidade é diferente. O PT tem alianças com o PSDB e o PMDB em outras cidades aqui não. Unificar o debate é discutir a estratégia mais adequada e eficaz para se ganhar o segundo turno. Não é dar um único tratamento a realidades diferentes."
Tablóides
Erundina cobrou uma explicação do candidato do PPB, Celso Pitta, sobre a operação realizada por ele e que teria causado prejuízo de R$ 1,7 milhões à prefeitura.
"O que a gente quer saber é quem se beneficiou da operação."
Sobre a apreensão de tablóides com notícias negativas à sua candidatura, a ex-prefeita disse que isso reflete o desespero de seus adversários. "O povo não vai entrar nessa lógica antidemocrática."

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