São Paulo, quarta-feira, 2 de outubro de 1996
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Kátia ajuda o padrinho a se eleger em 98

MAURICIO STYCER
DO ENVIADO ESPECIAL A MACEIÓ

A dentista Kátia Born apostou num projeto audacioso em sua campanha para a Prefeitura de Maceió: assumir que a sua candidatura não vale por si só, mas faz parte do projeto político do atual prefeito, Ronaldo Lessa (PSB), de se eleger governador em 1998.
"Não estou fazendo escada para ele, não. Só estamos assumindo que esse é um projeto de continuidade, a continuidade do que está dando certo", diz Kátia.
O fato de aparecer em segundo lugar nas pesquisas eleitorais, atrás apenas de Heloisa Helena, é um sinal, na sua opinião, de que a estratégia está funcionando. "Já estamos no segundo turno", diz.
Como outras mulheres solteiras que são engajadíssimas na política, Kátia é vítima de inúmeras insinuações preconceituosas sobre as suas preferências sexuais.
Ex-jogadora de vôlei, a candidata do PSB enfrenta a situação tanto atacando quanto se defendendo.
O ataque mais comum é dizer que a preocupação com a vida pessoal de um político só atinge aqueles que são de esquerda. "O cara de direita pode ser o que quer que seja, um ébrio, um homossexual."
Quando está na defensiva, Kátia gosta de dizer que em sua vida não há espaço para namoros, amores e coisas do gênero: "Faço política há quase 20 anos. Esse projeto é um projeto de vida, é maior do que qualquer projeto pessoal".
Terra de coronéis
Ex-vereadora pelo PMDB, ex-presidente do Sindicato dos Previdenciários e ex-presidente da CUT de Alagoas, Kátia Born participou do governo de Lessa como secretária de Saúde do município.
"Essa é uma terra de coronéis políticos", aprendeu nesses anos todos. "Mas não tenho medo. Nunca tive. Sempre enfrentei todos os coronéis", diz.
Kátia afirma não portar armas na bolsa, apesar de seu padrinho político, Lessa, ser obrigado a andar pelas ruas de Maceió em um carro blindado, tamanho o medo de possíveis atentados políticos.
Em sua campanha, Kátia registrou a ocorrência de "uns tiros para o alto" em alguns comícios. "É até pouco o que aconteceu", diz.
"Acredito muito nas energias positivas. Acho que sou protegida". De qualquer maneira, a candidata também se protege de forma real. Por onde anda, está sempre com dois seguranças à paisana ("duas pessoas amigas", nas suas palavras), além de dois motoristas, também policiais.
Salão de beleza
Como sua adversária Heloisa Helena rejeita explicitamente tudo o que diga respeito à vaidade feminina, Kátia Born explora esse ponto em sua campanha. "Gosto de me arrumar, de me vestir bem. Quem não gosta de ficar bonita?", pergunta, já sabendo a resposta.
"Adoro receber elogios. Adoro fazer as unhas, lavar o cabelo no salão. Não há nada melhor. Prefiro perder uma hora, uma hora e meia num salão de beleza do que almoçar", diz a candidata socialista.
Brinco, Kátia só usa do lado esquerdo. "Do lado direito me dá dor de cabeça."
Ex-atleta, anda diariamente de 60 a 90 minutos na praia.
Nos anos 70, foi vice-campeã brasileira de vôlei, jogando pela seleção alagoana e pelo CRB. Daquela época, conserva uma amizade "muito grande" com Jaqueline Silva, a Jackie, medalha de ouro no vôlei de praia em Atlanta.
(MSy)

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