São Paulo, quarta-feira, 2 de outubro de 1996
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Ciúmes na reeleição

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - Mais um fator complicador da emenda reeleição se cristaliza. "O PFL vive de jornal. Nós vivemos de poder", disse ontem o ministro das Comunicações, Sérgio Motta.
A frase de Motta não é apenas uma boutade. O ministro quis dizer exatamente o que disse. Que o PFL, principal aliado do partido do presidente, o PSDB, é uma agremiação com demasiada sede por exposição de mídia.
Motta está chateado com o esforço do PFL para comandar a aprovação da reeleição de FHC. Reclama para si a paternidade da estratégia. "A idéia de aprovar logo sempre foi defendida por mim", afirma.
O fato é que ficou para o PFL o rótulo de partido condutor da reeleição de FHC. O principal agente dessa articulação é o presidente da Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA).
Na semana que vem ele deve acertar os detalhes finais para instalar a comissão especial que analisará a emenda da reeleição. Trata do assunto diretamente com FHC.
Junto com Luís Eduardo deve estar apenas o líder dos tucanos na Câmara, o deputado José Aníbal (SP). Sérgio Motta deve ficar de fora. É considerado uma pessoa atabalhoada pelos pefelistas.
"O Sérgio Motta não deveria ficar com essas picuinhas e cuidar mais do partido dele. Ele fala demais e erra muito. Aliás, só tem errado", diz Inocêncio Oliveira (PFL-PE), líder dos pefelistas na Câmara.
Para Inocêncio, o ministro das Comunicações está correto ao dizer que o PSDB é que deveria estar à frente do processo da reeleição. Mas acha isso impossível: "O problema é que o PSDB não vai para a frente. O PFL toma a frente porque os outros se omitem".
A ciumeira é geral entre os próprios aliados de FHC. São essas pessoas que estarão por trás da articulação da reeleição no Congresso.
As chances de algo dar errado são grandes. Diretamente proporcionais à capacidade desses políticos continuarem a trocar ofensas publicamente.

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