São Paulo, sábado, 5 de outubro de 1996
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FHC quer aliados no palanque de Pitta para evitar reação de Maluf à reeleição

MARTA SALOMON

MARTA SALOMON; CARLOS EDUARDO ALVES
ENVIADA ESPECIAL A SALVADOR

Luiz Carlos Santos tenta barrar aliança do PMDB com PT e se prepara para apoiar candidato malufista

CARLOS EDUARDO ALVES
O presidente Fernando Henrique Cardoso autorizou ontem uma operação de apoio de aliados do Palácio do Planalto ao candidato do PPB, Celso Pitta, no segundo turno da eleição em São Paulo.
A operação inclui lideranças do PMDB, PFL e PPB. O objetivo é assegurar o apoio do partido do prefeito Paulo Maluf ao início do debate do projeto de reeleição de FHC ainda neste ano.
A negociação pretende evitar ainda que o PSDB paulistano suba no palanque da candidata do PT, Luiza Erundina.
"Está claro que o nosso principal adversário para 1998 é o Lula (Luiz Inácio Lula da Silva, do PT) e não o Maluf", afirmou o líder do governo na Câmara, deputado Benito Gama (PFL-BA), que participou ontem das conversas.
Com exceção do PSDB, os ministros dos demais partidos engajados na possibilidade de permitir mais quatro anos de mandato para FHC devem subir no palanque de Celso Pitta.
A operação poderá produzir resultados já na próxima semana, segundo a expectativa dos defensores da reeleição. O apoio a Pitta poderia render, na Câmara, a indicação dos membros do PPB para a comissão especial encarregada de debater oficialmente a emenda.
O cronograma traçado pelos governistas prevê a instalação da comissão em 15 de outubro e a votação da emenda no plenário da Câmara em janeiro. A proposta de emenda constitucional depende dos votos de 308 dos 513 deputados e 49 dos 81 senadores.
Antes mesmo do anúncio oficial do resultado do primeiro turno da eleição em São Paulo, o ministro Luiz Carlos Santos (Assuntos Políticos) entrou em cena para tentar reduzir os atritos provocados na campanha com o PPB de Maluf.
"Não há como estimular o avanço petista, que significa retrocesso", afirmou Santos, ainda sem assumir o apoio explícito a Pitta, mas já dando a entender aos pepebistas que se mostra simpático à candidatura do PPB.
O PFL não chegou a encampar a proposta de demissão do ministro Sérgio Motta (Comunicações), defendida pelo PPB, mas sugeriu a FHC que censurasse e mantivesse calado daqui para a frente o principal porta-voz das críticas a Maluf na primeira fase da eleição.
O primeiro objetivo dos políticos "bombeiros" que atuaram ontem é uma "descompressão" nas relações do PPB com o governo.
Santos, por exemplo, procurou ontem os deputados do PMDB José Aristodemo Pinotti e Alberto Goldman, que formaram a chapa derrotada do partido na eleição paulistana.
Pinotti fez uma campanha centrada em críticas à administração municipal malufista e deve declarar apoio a Erundina. A tentativa de Santos, um dos articuladores da candidatura de Pinotti, é evitar que o aval do deputado seja levado ao programa eleitoral do PT, para não caracterizar que o PMDB esteja endossando Luiza Erundina.

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