São Paulo, sábado, 5 de outubro de 1996
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Cresce número de homicídios durante a vigência da 'lei seca'

DA REPORTAGEM LOCAL

O número de homicídios registrados em São Paulo durante a "lei seca" das eleições -da 0h da última quinta às 6h de ontem- foi maior em comparação com períodos iguais de três semanas anteriores e em relação ao feriado de 1º de Maio, que também ocorreu durante a semana.
Pesquisas nacionais e dados internacionais vinculam o aumento dos casos de assassinato ao consumo de álcool, principalmente em feriados e fins-de-semana.
A polícia costuma atribuir o alto índice de homicídios nos finais de semana aos chamados motivos fúteis, como brigas em bar.
No entanto, os dados da violência nas eleições -um feriado em que a venda de bebidas alcoólicas em bares estava proibida- revelam que os casos de homicídios foram maiores em relação a períodos em que a lei não vigorava.
No mesmo período da semana anterior, por exemplo, houve 13 assassinatos (veja tabela). Durante o feriado do dia 1º de Maio, 18.
Os dados dizem respeito apenas aos casos com autoria desconhecida. Os que tiveram a autoria estabelecida, que são a maioria, não foram fornecidos pela Secretaria da Segurança Pública.
"Esses dados fazem supor que não houve rigorosa fiscalização da venda de bebidas alcoólicas, que a lei seca não foi cumprida, porque é sabido internacionalmente que o consumo de álcool está relacionado à violência", disse o cientista político Paulo Sérgio Pinheiro.
"Enquanto a população continuar armada, não é nenhuma lei seca que vai fazer diminuir a violência. Hoje o Estado de São Paulo conta com cerca de 700 mil armas ilegais", disse o ouvidor da polícia de São Paulo, Benedito Domingos Mariano.
"Esses números mostram que precisamos avaliar se realmente a lei seca foi cumprida. Não é possível fiscalizar todos os pontos da cidade", afirmou o delegado-assistente da diretoria do DHPP, Luiz Carlos dos Santos.

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