São Paulo, sábado, 5 de outubro de 1996
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Régine Chopinot chega com 'Soli-Bach'

ANA FRANCISCA PONZIO
ESPECIAL PARA A FOLHA

O Ballet Atlantique, dirigido pela coreógrafa francesa Régine Chopinot, realiza curta temporada neste fim-de-semana em São Paulo, como atração do "França 2.000".
Quando veio ao Brasil pela primeira vez, em 1984, Chopinot apresentou o espetáculo "Délices", com bailarinos que contracenavam com imagens de um filme projetado em uma tela gigantesca.
Em 1987, em sua segunda temporada no Brasil, a coreógrafa trouxe "Le Défilé", uma reflexão sobre a moda, com figurinos delirantes desenhados pelo estilista Jean-Paul Gaultier.
Nove anos depois, Chopinot está de volta com "Soli-Bach", que revelará a coreógrafa em nova fase.
Uma das personalidades mais importantes da dança contemporânea francesa, Chopinot deve mostrar, em "Soli-Bach", uma linguagem com maior economia de meios.
Lançada em janeiro de 1994, essa peça surgiu quando Chopinot redescobriu as Suítes de Bach para violoncelo.
Na época, ela vinha introduzindo mudanças em sua companhia, que tinha seu nome e passou a se chamar Ballet Atlantique. Abandonando a exclusividade, Chopinot abriu o repertório do grupo para outros coreógrafos.
Uma das intenções de Chopinot ao criar "Soli-Bach" foi resgatar o intimismo dos pequenos teatros à italiana. A partir das Suítes 1, 3 e 6 de Bach, o espetáculo é uma sucessão de solos, acompanhados por música ao vivo, interpretada pelo violoncelista Jérôme Pernoo.
"Em 'Soli-Bach', música e dança funcionam como uma respiração comum. É como se uma expressão respondesse à outra, compondo um diálogo que nem sempre é uníssono, mas que também inclui distanciamentos e reaproximações", diz Chopinot.
"Não consigo afirmar o que realmente mudou em meu trabalho nos últimos tempos. No entanto, sei que cada vez mais tenho vontade de penetrar fundo nas coisas, de uma forma extrema. Talvez como reação a uma sociedade que recusa esforços, contentando-se com o superficialismo da TV."
Para Chopinot, a retomada da relação mais íntima entre dança e música representa uma fase mais madura de sua carreira.
Ao sintonizar mais profundamente essas duas expressões, ela segue a tendência de outros coreógrafos modernos e pós-modernos, como Trisha Brown, que voltam a combinar música e dança, dissociadas após a revolução de Merce Cunningham e John Cage.
"Em Soli-Bach procurei fugir das soluções fáceis, uma vez que o poder da obra de Bach pode, por si só, seduzir o público, deixando a dança em segundo plano."
Além dessa coreografia sobre as suítes de Bach, Chopinot produziu recentemente o espetáculo "Végétal", que marca o interesse atual da artista sobre temas da natureza.
"Minha próxima criação será sobre o fogo."

Espetáculo: "Soli-Bach", de Régine Chopinot
Onde: Auditório do Masp (av. Paulista, 1578, tel. 251-5644)
Quando: hoje, às 20h30, e amanhã, às 19h30
Quanto: R$ 15

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