São Paulo, sábado, 5 de outubro de 1996
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E depois do dia 3?

LUCIANO MENDES DE ALMEIDA

O novo governo de cada município começará a se preparar para enfrentar os desafios cotidianos. É maior a consciência da cidadania. Além do dever de votar, torna-se indispensável encontrar formas de cooperar para o bem comum e alimentar a esperança do povo. Será preciso levar adiante as muitas iniciativas de participação, já em curso, nas comunidades.
Há duas modalidades de colaborar para o bem do município. A primeira é pela formação de Conselhos Comunitários que acompanhem o desempenho das Secretarias de Saúde, Educação, Criança e Adolescente e outras, procurando indicar prioridades, zelar pela correta aplicação de verbas e sensibilizar a comunidade local para iniciativas que requerem a colaboração de todos.
É notável o fruto alcançado em vários municípios, graças a esses conselhos.
A outra modalidade é a de unir os esforços das organizações não-governamentais para o planejamento conjunto dessas entidades. Há exemplos promissores. Em Ubá (MG), dezenas de ONGs colaboram no atendimento à gestante, à criança, a desocupados e famílias desamparadas.
Outra sugestão de propostas refere-se aos efeitos surpreendentes do apoio à formação de pequenas cooperativas de trabalho que permitem, sobretudo às mulheres, encontrar ocupação especializada e contribuir, assim, para a manutenção do próprio lar. Aplicações sociais de fundos bancários podem favorecer empréstimos e financiar esses projetos.
Cito, como exemplo, a cooperativa das bordadeiras e crocheteiras de Barra Longa (MG), a fabricação artesanal de objetos de palha, em Cipotânea (MG) e, mais conhecida, a produção de arraiolos, em Diamantina (MG).
Em cada município poderão surgir pequenas empresas desse tipo. Aliás, o BID indica esse caminho como uma das melhores soluções ao problema do desemprego, com o mérito de valorizar a habilitação profissional e a participação administrativa no empreendimento.
Nos programas de municípios não basta, no entanto, propor modalidades de participação e exercício de cidadania. Requer-se atitude mais profunda de verdadeira solidariedade humana.
A busca exacerbada do lucro e a acumulação de bens materiais têm diminuído a gratuidade na promoção da pessoa humana. Daí a urgência de oferecer, especialmente aos jovens, oportunidades de se dedicarem aos mais carentes, descobrindo, assim, a alegria de servir ao próximo.
Nessa perspectiva há uma série de ações a serem fomentadas: a colaboração dos universitários nos programas da Comunidade Solidária, a atuação na Pastoral da Criança, que contribui para o sadio desenvolvimento de crianças empobrecidas, o apoio ao mutirão na construção de casas, a visita a doentes e famílias carentes, conforme o exemplo dos vicentinos.
A sociedade justa que queremos em nossos municípios dependerá da solidariedade fraterna. Esta é possível somente se nos ajudarmos uns aos outros a vencer o egoísmo e aprender a amar, de modo gratuito e universal, como Jesus Cristo nos ensina.

D. Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna.

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