São Paulo, domingo, 6 de outubro de 1996 |
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Europeus se tornam 'mulas' do tráfico
MARCELO GODOY
Essas pessoas estariam sendo contratadas por nigerianos que ascenderam na hierarquia do tráfico de drogas. A maioria deles teria deixado de ser uma simples "mula" para se tornar "patrão" e cuidar das "incubadeiras". "Mula" é como é conhecida a pessoa contratada por traficantes para transportar droga, principalmente cocaína, dentro do corpo ou presa a ele para outros países. As incubadeiras são as casas onde são preparados as mulas ou os objetos com cocaína escondida que essas pessoas transportam (malas, televisores etc.). Os nigerianos teriam outro motivo para deixar de transportar drogas. Segundo o Denarc (Departamento Estadual de Investigações Sobre Narcóticos), eles estão sendo muito visados pela polícia. Hoje, os nigerianos formam o maior grupo de estrangeiros presos no Estado (47, segundo o censo penitenciário de agosto de 96). Os bolivianos (44 condenados) são o segundo maior grupo. Levantamento A Folha fez um levantamento nas duas delegacias do Denarc responsáveis por essas investigações (2ª e 4ª delegacias) e constatou que o número de europeus presos sob a acusação de transportar drogar (12) é maior que o de nigerianos presos (2) em 1996. Acusados de trabalhar em incubadeiras, nove nigerianos foram presos pela Polícia Civil na Grande São Paulo em 1996. "Eles estão deixando de pôr as mãos na droga, deixando de correr riscos", disse o delegado Robert Leon Carrel, da 4ª Delegacia do Denarc. Já a PF (Polícia Federal) afirma que, das 45 pessoas presas sob a acusação de tráfico de drogas em São Paulo no primeiro semestre, dez eram nigerianas -dois detidos em incubadeiras e oito transportando drogas. Só em setembro, a PF prendeu quatro europeus no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos (Grande São Paulo), sob a acusação de tentar embarcar com drogas. A maior parte dos europeus presos é de franceses (4), alemães (3) e espanhóis (8) -há também italianos, ingleses e holandeses. "Outro fator que facilita a entrada dessas pessoas nessa atividade é o fato de elas terem passaporte dos países membros da Comunidade Econômica Européia", afirmou o delegado. Apreensões No total, a 2ª e a 4ª delegacias do Denarc apreenderam cerca de 70 quilos de cocaína com africanos e europeus em 1996. Texto Anterior: Especialistas criticam falta de discussão Próximo Texto: Africanos são contratados Índice |
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