São Paulo, domingo, 6 de outubro de 1996
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Proteção levanta indústria de brinquedo

DANIELA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

O aumento da alíquota de importação de brinquedos de 20% para 70%, em vigor há três meses, já reflete resultados positivos para as indústrias do setor.
Em maio, a expectativa era de queda de 40% nas vendas em 96. Hoje os fabricantes prevêem aumento de 5% no faturamento, estimado em R$ 820 milhões.
As vendas da indústria para o Dia da Criança cresceram, em termos de unidades vendidas, 15% em relação ao mesmo período de 95, diz Synésio Batista da Costa, presidente da Abrinq (Associação Brasileira das Indústrias de Brinquedos).
Já o faturamento aumentou 5% neste mesmo período.
Os fabricantes, diz Costa, estão vendendo mais brinquedos e faturando menos porque estão reduzindo seus preços em relação ao ano passado.
A diminuição dos preços entre 5% e 10% ao ano até 2000 foi uma das exigências do acordo firmado entre a indústria e o governo, no início de julho, para que a alíquota de importação aumentasse para 70%. Essa majoração é válida até 31 de dezembro de 96.
Segundo Carlos Eduardo Cimermam, presidente da Abreb (Associação Brasileira dos Revendedores de Brinquedos), os fabricantes estão cumprindo o acordo com o governo e não aumentaram os preços dos brinquedos que já estavam no mercado.
A indústria havia registrado queda de 72,5% nas vendas no primeiro trimestre de 96 em relação ao mesmo período de 95.
Os fabricantes se comprometeram a investir R$ 335 milhões e gerar 12 mil empregos até o ano 2000.
Criação de empregos
Segundo Costa, a indústria criou 2.998 empregos desde o aumento da alíquota, cumprindo em 90 dias 25% da meta.
Uma pesquisa do Procon de São Paulo constatou que os preços dos brinquedos caíram, em média, 9,45% entre novembro de 95 e setembro de 96. Dos 49 itens comuns às duas pesquisas, 40 tiveram seus preços reduzidos no período.
A maior queda (37,46%) foi verificada na "Super Massa", da Estrela, que tinha preço médio de R$ 13,08 em novembro de 95.
O levantamento do Procon, realizado no final de setembro, pesquisou preços de 99 brinquedos em 17 lojas da capital.
"Nossos preços foram reduzidos acima de 9,45%, mas o reflexo para o consumidor é sempre menor em função das diferenças de preços entre as lojas", diz Costa.
Na próxima semana os fabricantes irão entregar ao governo projetos de investimentos para modernização do processo produtivo. Costa diz que ainda é cedo para totalizar investimentos já realizados.
"Algumas empresas ainda não investiram porque não dispunham de recursos. Outras, como a Estrela, já estavam em processo de reestruturação quando a medida foi anunciada", afirma.
A Estrela reduziu em 45%, em média, o preço dos lançamentos deste ano em relação a 95, diz Carlos Tilkian, presidente da empresa. Os importados também estão 15% mais baratos, diz.
A empresa lançou 60 produtos e aumentou entre 35% e 38% o total de brinquedos vendidos para o Dia da Criança em relação a 95. O faturamento cresceu 5% neste período, afirma Tilkian.
Encomendas de Natal
Segundo ele, o efeito do aumento da alíquota vai ser maior no Natal do que no Dia da Criança. "As lojas já terão tido tempo para escoar seus estoques de importados", diz.
A Estrela espera crescimento de cerca de 15% do faturamento no Natal, o que representa aumento de 40% no número de brinquedos vendidos, diz Tilkian.
O faturamento da Baby Brink, que lançou para o Dia da Criança a boneca da Angélica, cresceu 30% em relação ao ano passado.
Segundo Audir Giovani, diretor comercial da empresa, a expectativa de faturamento para setembro era de R$ 2,2 milhões. "Faturamos R$ 2,8 milhões. Vendemos toda a produção para o Dia da Criança, que foi de 250 mil peças."
A empresa, hoje com 284 empregados, contratou 60 pessoas para a linha de produção da Angélica.
A Grow lançou 85 produtos para o Dia da Criança, 25 a mais do que em 95. O volume de produção aumentou 25% e o faturamento cresceu 20% , diz João Nagano Júnior, gerente de marketing da Grow.
A empresa investiu R$ 600 mil nos lançamentos. Os preços de produtos que já estavam no mercado foram reduzidos em 5% e os lançamentos, comparando-se produtos semelhantes, estão 15% mais baratos em 96, diz.
A empresa tem hoje 500 funcionários, um aumento de 30% em três meses.

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