São Paulo, domingo, 6 de outubro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

BNDES prevê déficit no mercado de papel

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

Um estudo do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) mostra que o Brasil corre o risco de, a partir de 1998, passar de superavitário a deficitário na balança comercial de papel e celulose.
Em 1995, o saldo entre importações e exportações dos dois produtos foi de US$ 1,61 bilhão.
O estudo diz que no ano 2005 o país pode estar com um déficit de US$ 2 bilhões.
O trabalho, elaborado por Angela Regina Pires Macedo e Antonio Carlos Vasconcelos Valença, da Gerência Setorial de Papel e Celulose do BNDES, diz que o Brasil precisa investir US$ 12,86 bilhões até 2005 para concretizar o que eles chamam de "terceiro ciclo de investimentos" no setor.
O estudo, embora elaborado dentro do BNDES, não representa a posição oficial do banco sobre o assunto.
Investimentos
No volume de recursos a ser investido já estão incluídos US$ 1,5 bilhão de investimentos em andamento.
Há também mais US$ 1 bilhão, que deverá ser investido no período em obras de manutenção e modernização das fábricas nacionais e das florestas.
Segundo os técnicos do BNDES, as empresas do setor de papel e celulose apresentaram ao governo um programa que prevê investimentos de US$ 13 bilhões no período 1995-2005.
Para viabilizar esses investimentos, o setor pede "medidas de natureza financeira e tributária, entre outras".
Os pedidos, segundo os técnicos, estão sendo examinados por um grupo interministerial.
As conclusões serão submetidas à Câmara de Governo dos Recursos Naturais Renováveis.
Crescimento pós-Real De acordo com o estudo do BNDES, o consumo de papel e celulose no Brasil cresceu 30% de 93 a 95, "como reflexo do sucesso do Plano Real", mas a produção cresceu apenas 10% no período.
No ano passado, o consumo total de papel foi de 5,43 milhões de toneladas. Os técnicos projetam que em 2005 ele passará a 9,19 milhões.
Já a produção interna de papel, de acordo com o estudo, vai precisar crescer 4,33 milhões de toneladas.
Além disso, eles avaliam que será também necessário um crescimento de 3,67 milhões na produção de celulose (pasta de fibras usada na produção de papel), sendo 1,6 milhão de fibra longa, hoje pouco produzida no Brasil.
A celulose de fibra longa, elaborada a partir da madeira do pinus, é a usada na produção de papéis mais resistentes, como o de imprensa.
Fibra curta
O estudo dos técnicos do BNDES projeta um crescimento de 4% no consumo de papel este ano.
Para o período 1996/2000, o crescimento seria de 5% ao ano. E entre 2001 e 2005, o crescimento seria de 6%.
O consumo de papel de embalagem deve passar de 2,29 milhões de toneladas em 95 para 3,88 milhões em 2005.
O consumo de papel de imprimir/escrever, passaria de 1,22 milhão para 2,06 milhão de toneladas.
Já o de papel de imprensa passaria de 688 mil toneladas em 95 para 1,16 milhão em 2005.

Texto Anterior: Poupança de amanhã pode render 1,33%
Próximo Texto: Setor quer incentivos
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.