São Paulo, domingo, 6 de outubro de 1996 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
China breca crescimento e consegue domar inflação
JAIME SPITZCOVSKY
Assustado com uma espiral inflacionária que atingiu 21,4% em 1994, recorde desde a chegada dos comunistas ao poder em 1949, o governo chinês impôs uma política monetária restritiva. Dificultou a concessão de créditos, não deixou os juros baixarem e freou o setor imobiliário. "A inflação neste ano deve ficar em 7% e esperamos que se mantenha nesse patamar ou caia mais nos próximos dois anos", disse Dai Xianlong, presidente do banco central chinês. O crescimento econômico, previu Dai, deve ser de 9% em 1996, contra 10,2% do ano passado. O governo colocou como metas para 1996 uma expansão econômica abaixo de 10% e uma taxa de inflação menor do que o crescimento da economia. Não queria repetir, por exemplo, o ano passado, quando a inflação atingiu 14,8%, e o crescimento econômico, 10,2%. Cautela Num quadro que desperta inveja em países castigados por economias que teimam em não decolar, a China busca a "aterrissagem macia" depois de uma fase de superaquecimento da economia em 1993. O governo comunista teme a desestabilização social trazida pela inflação. A China se tornou dona de uma das economias que mais crescem no planeta ao deslanchar reformas pró-capitalismo em 1978. O Partido Comunista segue no poder, mas abre espaço para iniciativa privada e investimento externo. País mais populoso do planeta, com 1,2 bilhão de habitantes, a China também precisa de um vigoroso crescimento econômico para absorver a nova mão-de-obra que chega anualmente ao mercado de trabalho. Economistas chineses avaliam que uma expansão anual abaixo de 5% causaria sério problemas sociais. Entre 1979 e 1993, o crescimento econômico chinês registrou uma média anual de 9,3%. Apesar do "grande salto ao capitalismo", a China ainda registra uma renda per capita modesta. São US$ 435, contra cerca de US$ 2.800 no Brasil, por exemplo. No primeiro semestre deste ano, o crescimento econômico atingiu 9,8%, e a inflação, 7,1%. Austeridade O programa antiinflação, definido pelo governo como "de austeridade", surgiu há três anos no escritório de Zhu Rongji, então presidente do banco central. Atualmente ele é o principal arquiteto das reformas econômicas, no cargo de vice-primeiro-ministro. Sob a batuta de Zhu, a China impôs restrições na hora de conceder créditos, por exemplo, a empresas estatais deficitárias. Essas indústrias deveriam buscar reformas administrativas, abertura de capital, associação com parceiros domésticos ou estrangeiros para sair do vermelho. A falência viria como última solução. Estima-se que 70% das cerca de 100 mil empresas estatais chinesas operem com prejuízo. Mas o governo evita privatizações em massa, pois teme efeitos políticos do desemprego e quer ainda manter uma presença importante na vida econômica do país. Texto Anterior: Boavista vira "paulista" e avança na reestruturação Próximo Texto: Preço em alta levou a protestos Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |