São Paulo, domingo, 6 de outubro de 1996
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Cientista estudou biologia do transplante

DA REPORTAGEM LOCAL

Para a Fundação Nobel, responsável pela administração dos prêmios concedidos desde 1901, os ganhadores do Nobel de Medicina ou Fisiologia de 1960 foram o britânico Peter Brian Medawar e o australiano Macfarlane Burnett.
Medawar foi premiado por pesquisar o mecanismo imunológico de rejeição de órgãos transplantados. O sistema imune defende o organismo contra a invasão de corpos estranhos, sejam eles vírus, bactérias ou enxertos.
Em condições naturais é impossível transplantar qualquer mínimo pedaço de tecido estranho para um organismo. Com o enxerto, as células de defesa, os glóbulos brancos, são estimuladas a atacar o corpo estranho -é como se ocorresse uma infecção violenta.
Para que os transplantes fossem possíveis era preciso descobrir como reprimir a resposta das células de defesa -a imunossupressão. Medawar deu as primeiras respostas para o problema.
O cientista começou a estudar a biologia do transplante durante a Segunda Guerra Mundial (1939-45). Em 1943 pesquisava terapias para os queimados em batalhas. Pensava-se em usar transplantes de pele nos tratamentos.
História esquecida
Quando Medawar recebeu o mais prestigioso prêmio científico do planeta, jornais brasileiros registraram em poucas linhas que o cientista havia nascido no Rio.
A história do cientista no Brasil está sendo investigada pelos pesquisadores Francisco Antonio Doria e Newton da Costa. Com as pistas dos dois, a Folha encontrou parte da família de Medawar.
Doria, doutor em física, com auxílio do historiador Francisco Vasconcellos, recuperou a certidão de nascimento de Medawar no Cartório do 1º Ofício de Registro Civil de Petrópolis. Doria atualmente é professor titular de fundamentos da comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Newton da Costa, professor titular do departamento de filosofia da USP, procurava saber por que o Nobel jamais voltara ao Brasil. "Essa história é uma metáfora da situação marginal da ciência no Brasil", diz Costa.

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