São Paulo, domingo, 6 de outubro de 1996 |
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Kuait vota temendo o vizinho Iraque
WILSON SILVEIRA
Os principais candidatos afirmam que o país precisa garantir sua segurança interna. Não querem depender eternamente dos Estados Unidos. Há no momento 3.500 soldados norte-americanos no Kuait, em algum lugar próximo da fronteira com o Iraque. O candidato xiita Saleh Achor disse em um comício que os EUA têm seus próprios interesses na região. Para Achor, que foi major do Exército, não se pode prever até quando o Kuait fará parte desses interesses. Estrangeiros O problema é que o Kuait tem pouco mais de 1,5 milhão de habitantes, e a metade é estrangeira. A necessidade de um Exército forte trouxe à tona uma das maiores polêmicas do país: a naturalização de 150 mil da comunidade "biduns". Trata-se de pessoas que não têm nenhuma nacionalidade, embora tenham nascido no Kuait, assim como os pais e avós de muitas delas. O governo, controlado desde 1756 pela dinastia Sabah, opõe-se fortemente à idéia. Segundo o xiita Achor, a naturalização seria uma forma de aumentar o efetivo do Exército. Ele calcula que haja 20 mil "biduns" em condição de prestar serviço militar. Segurança A preocupação do Kuait com sua segurança fica evidente nestas eleições. O governo trouxe para o país cerca de 200 jornalistas de cem países para a cobertura do pleito e aproveitou para mostrar os prejuízos causados pelo Iraque. Os jornalistas foram convidados a conhecer as instalações da KOC (sigla em inglês da Companhia de Petróleo do Kuait), uma das mais atingidas pelos iraquianos. Em determinado ponto, os visitantes respiram por um minuto o mesmo ar do pós-guerra -um cheiro forte de óleo queimado. Também foram mostrados prejuízos causados ao meio ambiente e instalações danificadas ao ponto de não poderem ser reconstruídas. "Democracia" O ministro da Informação, Saud Nasser al Sabah, disse que o governo kuaitiano faz todo o possível para evitar qualquer tipo de interferência ou interrupção no processo democrático. O ministro, que é parente do emir Jaber al Ahmed al Jaber al Sabah e recebe o tratamento de "sua alteza", disse que as eleições sempre foram livres e assim permanecerão. O Kuait é o único país do golfo Pérsico que realiza eleições. Os candidatos confirmam que as eleições são livres e dizem que o governo facilita a campanha, mas reclamam que não têm acesso nem ao rádio nem à televisão. Não há censura aos jornais. O jornal "Arab Times", por exemplo, publicou entrevista com o candidato independente Abdul Reda Asseri, para quem o Kuait tem uma democracia com "d" minúsculo. Segundo ele, a expressão "participação política" define melhor a forma como o país é governado. Asseri afirmou que, embora o Kuait esteja caminhando em direção à democracia, há sempre o risco de dissolução da Assembléia Nacional, como ocorreu em 1976 e em 1986. A Assembléia Nacional é o Parlamento local, unicameral, com 50 membros eleitos a cada quatro anos. O jornalista Wilson Silveira viaja a convite da Embaixada do Kuait em Brasília Texto Anterior: Humor infantil é a nova moda Próximo Texto: País busca desaparecidos Índice |
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