São Paulo, domingo, 6 de outubro de 1996
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Importância sobre a eleição é exagerada

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

A importância dos debates entre candidatos sobre o resultado das eleições tem sido muito exagerado nos últimos 36 anos.
A origem do exagero está no primeiro confronto pela TV entre aspirantes à Casa Branca.
O bonitão, bronzeado, sorridente John Kennedy, diz a lenda, massacrou o mal-barbeado, pálido e carrancudo Richard Nixon e ganhou a eleição de 1960 por ter sido mais telegênico que o adversário.
Não foi bem assim. As pesquisas da época mostram que Kennedy foi considerado vencedor pela maioria dos espectadores em apenas um dos quatro debates. Nixon foi visto como vitorioso em outro, e dois debates acabaram empatados na visão do público.
Como a eleição de 1960 foi uma das mais apertadas da história (Kennedy teve 114.673 votos a mais do que Nixon, num total de 68.828.960), pode até ser que o bom desempenho de Kennedy na TV o tenha ajudado muito, por tê-lo tornado mais conhecido e menos suspeito para muitos eleitores do Partido Democrata, que desconfiavam de sua juventude e de seu catolicismo.
Mudança de voto
Mas, mostram também as pesquisas da época, poucos eleitores que pretendiam votar em Nixon antes do debate votaram em Kennedy na eleição, e esse número foi quase igual ao dos que preferiam Kennedy antes dos programas e afinal escolheram Nixon.
Por causa de 1960 ou não, o fato é que Richard Nixon se recusou a participar de debates nas outras duas eleições presidenciais de que participou, em 1968 e 1972. E ele venceu as duas.
Os especialistas em efeitos dos meios de comunicação de massa sobre os eleitores acham que os debates podem ter um efeito importante: cristalizar a opinião das pessoas. Em geral, quem assiste ao debate já tem seu candidato.
Se ele tiver um bom desempenho, o eleitor ficará mais entusiasmado com a sua opção. Como nos EUA o voto não é obrigatório, isso pode ser importante porque, às vezes, define a ida do eleitor à urna.
Mas ninguém acha que, a esta altura, os debates mudem a tendência do eleitorado neste ano. A não ser que Clinton diga ou faça algo desastroso no ar.
(CELS)

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