Folha de S.Paulo - Lincoln participou da 1ª discussão pública

São Paulo, domingo, 6 de outubro de 1996

Lincoln participou da 1ª discussão pública

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O primeiro debate eleitoral da história dos EUA aconteceu em 1858, por iniciativa de Abraham Lincoln, que naquele ano desafiou Stephen Douglas pela sua cadeira de senador pelo Estado de Illinois.
Douglas resistiu, mas concordou em debater com Abraham Lincoln cinco vezes em teatros.
Foram confrontos intelectuais que chegaram a durar quatro horas, sem a presença de entrevistadores. Douglas venceu a eleição, mas Lincoln se tornou uma figura nacional graças aos debates.
Dois anos depois, em 1860, Lincoln e Douglas voltaram a ser adversários em eleição, dessa vez a presidencial. Mas não houve debate entre eles. O primeiro debate presidencial só viria a acontecer um século depois, em 1960.
Em 1940, Wendell Wilkie desafiou Franklin Roosevelt para um debate via rádio. Mas o presidente, favorito, ignorou o rival.
Os precursores de Kennedy e Nixon foram Thomas Dewey e Harold Strasser, que, em 1948, disputavam a candidatura do Partido Republicano e debateram no rádio antes da primária do Estado de Oregon, e os democratas Adlai Stevenson e Estes Kefauver, que foram discutir na TV antes da primária da Flórida, em 1956.
Depois de Kennedy e Nixon em 1960, só houve debate presidencial de novo em 1976, entre Jimmy Carter e Gerald Ford. Daí em diante todas as as eleições para presidente foram precedidas de debates pela TV entre os principais candidatos. Exceto em 1980, sempre houve também debate entre os candidatos a vice-presidente.
A única vez em que três candidatos debateram foi em 1992, quando Ross Perot, independente, juntou-se a George Bush e Bill Clinton. Eugene McCarthy em 1976 e John Anderson em 1980 tentaram, sem êxito, ser incluídos.
Os mais desastrados foram Gerald Ford (disse, em 1976, que a Polônia não era comunista), George Bush (em 1992, olhava o relógio com cara de enfado) Michael Dukakis (em 1988, respondia a qualquer pergunta como se fosse um robô, sem demonstrar qualquer emoção).
(CELS)

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