São Paulo, domingo, 6 de outubro de 1996
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É permitido brincar

DEBORAH GIANNINI
QUANDO SE BRINCA, TUDO É POSSÍVEL, INCLUSIVE APRENDER.

Além de distrair, os brinquedos ocupam outro papel na vida das crianças. Eles ajudam no desenvolvimento.
Sem que o adulto e a criança percebam, a criatividade, a sociabilidade e o raciocínio são estimulados com brincadeiras que vão desde o faz-de-conta das casinhas de boneca até jogos de regras como o "Cilada" e o dominó.
"Todo brinquedo é educativo, desde que seja adequado à criança", diz a professora de Educação da USP (Universidade de São Paulo), Eda Bomtempo.
Com mais de mil brinquedos classificados, a presidente da Associação Brasileira de Brinquedoteca, Nilse Helena da Cunha, afirma que os brinquedos servem de apoio para superar dificuldades de aprendizado. "A forma lúdica não inibe o potencial da criança. Não existe o medo de errar" , diz ela.
Terapias mentais e motoras utilizam o brinquedo como instrumento de trabalho. Para a terapeuta ocupacional Aide Mitie, do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas, o brinquedo é útil para desenvolver a capacidade da criança.
"Ela explora o brinquedo de diversas formas. O dominó em uma criança mais velha trabalha a parte cognitiva, enquanto em uma mais nova, que vai usá-lo para fazer um castelo, a parte criativa."
Para saber qual o brinquedo apropriado a cada criança, deve-se levar em conta a fase de desenvolvimento.
Segundo a psicopedagoga Fernanda Dias, até os dois anos, a criança explora as sensações e o movimento. "O ideal são materiais que permitam que ela descubra sons, cores e texturas." Jogos de encaixe, caixas de música e a "montanha russa", são alguns exemplos.
Quando ela começa a andar é hora dos carrinhos, caminhões, bolas e cordas, para que possa se movimentar.
Faz-de-conta
Fantoches, bonecas, máscaras e casinhas estimulam a fantasia, sobretudo até os seis anos. A partir dos sete, ela sente necessidade de ampliar suas relações sociais e cresce o interesse pelo grupo.
Nessa fase, a psicopedagoga orienta os jogos de desafio, como "Cilada", "Senha", "Resta Um", "Jogo da Vida" e "War", além do quebra-cabeça, dominó e dos jogos de campo, como o basquete. Nos jogos de construção, como o Lego, é preferível que a criança crie seus próprios modelos.
"Ao brincar, ela experimenta e aprende coisas novas do jeito que ela quer e não como o adulto determina", diz Fernanda que ainda explica que a criança reflete suas vivências na brincadeira.
Para Aide Mitie, nem mesmo os videogames devem ser condenados. "Se em casa tem um computador e um microondas, a criança também vai querer o seu videogame. O importante é dosar o tempo de uso do videogame."
Já para os pais, reservar um tempo para brincar com a criança é fundamental. Segundo Aide Mitie, quando o adulto participa a interação do brincar é muito mais eficaz.

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