São Paulo, domingo, 6 de outubro de 1996
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Amigo de fé, irmão camarada

GABRIELA MICHELOTTI

Roberto Carlos foi parar na Jovem Guarda por razões circunstanciais, mais mercadológicas do que de preferência musical. Fã de João Gilberto, mas frustrado com o fracasso de seu primeiro disco de bossa-nova, "Louco por Você", de 61, resolveu partir para as guitarras elétricas e os shows de rock na Boate Plaza, no Rio.
Lá ficou sabendo de um famoso colecionador de letras de rock e resolveu pedir a ele a letra de "Hound Dog", rock dos anos 50 imortalizado por Elvis Presley, para tocar em um show. Ficou então conhecendo Erasmo Carlos, fã dos Beatles e da juventude transviada de James Dean e Marlon Brando.
Os dois, pegando carona no sucesso dos roqueiros brasileiros dos anos 50, como Celly e Tony Campello, e nos "fabulous four" que explodiam no mundo com o yeah-yeah-yeah, tornaram-se os líderes do iê-iê-iê no Brasil. A meninada se descabelava pelos Beatles lá fora e por Roberto e Erasmo aqui. Os dois apresentaram por 4 anos, de 65 a 69, junto com Wanderléia, o programa Jovem Guarda, que ia ao ar na TV Record.
Mas depois de ganhar o festival de San Remo em 68, com a inominável "Canzone per Te", Roberto decidiu que o rock não era mesmo sua praia, e em 69 deixou a Jovem Guarda para seguir sua carreira romântica.
Erasmo, ao contrário, nem com as pedradas dos metaleiros no primeiro Rock in Rio, em 85, abandonou seu espírito roqueiro da época da Jovem Guarda.
Hoje os estilos dos dois não têm mais nada em comum, mas o hábito da parceria continua. A última vez que alguém se deu ao trabalho de contar, eles já tinham feito 500 canções juntos.

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