São Paulo, terça-feira, 8 de outubro de 1996
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Malan sugere mandato maior para FHC

CLÁUDIA TREVISAN
DE NOVA YORK

O ministro da Fazenda, Pedro Malan, sugeriu ontem aumento do mandato presidencial, em palestra a empresários brasileiros e norte-americanos em Nova York, ao classificar como "muito curto" os quatro anos atualmente estabelecidos na Constituição.
"Ou nós voltamos para o sistema anterior, de um mandato maior -cinco, seis, até sete anos, como na França-, ou adotamos o mesmo sistema dos EUA, com quatro anos e a possibilidade de reeleição", declarou o ministro.
Malan afirmou que a aprovação da emenda da reeleição "melhora" o atual cenário econômico do Brasil, à medida em que dá aos investidores um horizonte mais definido sobre o futuro do país.
"O mercado está sempre olhando para frente", disse Malan.
Na opinião do ministro da Fazenda, o tema deve ser decidido pelo Congresso o mais rápido possível.
Segundo ele, a aprovação da reeleição fará com que a possibilidade de um novo mandato para o presidente Fernando Henrique Cardoso seja incorporada às análises que se fazem do país.
Nova eleição
Malan fez questão de dizer que a aprovação da emenda não significa a recondução automática de FHC ao cargo, já que ele terá de disputar uma nova eleição.
O ministro fez as observações ontem à tarde para uma platéia de empresários que participavam de encontro anual promovido pelo jornal "The Wall Street Journal".
Pela manhã, ele já havia discursado para outro grupo de empresários no Conselho das Américas, que reúne homens de negócios do Brasil e dos EUA.
Nos dois encontros, as primeiras perguntas feitas a Malan tratavam do tema da reeleição e das consequências de sua aprovação ou rejeição pelo Congresso.
Malan tentou tranquilizar a platéia sobre o risco de a negociação política para aprovação da emenda da reeleição prejudicar as reformas econômicas em andamento.
"Nós não vamos relaxar na nossa pressão pelas reformas da Previdência Social e da administração pública, que estão no Congresso, por causa dessa possibilidade (de reeleição)", afirmou.
A eventual rejeição da emenda, segundo o ministro, não afetará o Plano Real.
"O programa que nós temos está tão claramente fixado que vai haver alguém em 98 expressando o mesmo programa do presidente Fernando Henrique Cardoso."
Malan já havia defendido a tese que a aprovação da reeleição tranquilizaria os investidores externos em reunião do FMI (Fundo Monetário Internacional).

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