São Paulo, terça-feira, 8 de outubro de 1996
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Kuaitianos trocam carne por voto

WILSON SILVEIRA
ENVIADO ESPECIAL AO KUAIT

Uma minoria de kuaitianos elegeu ontem os 50 membros da Assembléia Nacional do Kuait, o Parlamento local, com farta distribuição de comida e acirrada boca-de-urna.
Os primeiros resultados mostraram a vitória de Jassim al Kharafi, milionário com investimentos no exterior. Ele deve se tornar o presidente do Parlamento.
O atual líder parlamentar, Ahmad al Saadun, conseguiu a reeleição, mas deve perder força.
Os resultados oficiais serão anunciados hoje pelo ministro do Interior, Ali Al Sabah. Os islâmicos radicais devem manter sua maioria, segundo pesquisas. A abstenção foi da ordem de 20%.
A distribuição de comida em tendas (que funcionam como comitês eleitorais) foi intensificada nos últimos dias da campanha. Em busca dos votos dos indecisos, os candidatos mais ricos trocaram a carne de carneiro pela de camelo, muito apreciada.
Uma campanha pode custar 100 mil dinares kuaitianos (cerca de R$ 330 mil), segundo organizadores de campanha. A legislação kuaitiana não fixa limite de gastos.
Protesto feminino
Um grupo de mulheres foi proibido, pelo governo kuaitiano, de se sentar no chão em frente à maior seção eleitoral da Cidade do Kuait protestando por não terem direito de votar. Também foram proibidas passeatas.
Apenas 107 mil dos 700 mil kuaitianos têm direito ao voto. Mais da metade dos habitantes do país é estrangeira, e mulheres não votam. Entre os homens, só votam os maiores de 21 anos.
Defensores do voto feminino acabaram fazendo duas pequenas manifestações, em locais liberados pela polícia. Uma de manhã, em um estacionamento próximo à maior seção eleitoral, e outra à tarde, em uma calçada de um bairro distante do centro da cidade.
O Parlamento é disputado por 230 candidatos de três grupos principais (não há partidos políticos), além de candidatos independentes e representantes de tribos.
Os três grupos são o KDF (Forum Democrático do Kuait, liberal), o ICM (Movimento Constitucional Islâmico, sunita ou ortodoxo) e a NIA (Aliança Nacional Islâmica, xiita, ligada aos iranianos).
Havia policiais por toda parte nas seções eleitorais. Cada seção é presidida por um juiz, que na verdade é ligado ao Ministério da Justiça, ou seja, parte do governo. Distritos desproporcionais
Kuait é dividido em 25 distritos eleitorais, cada um elege dois parlamentares. O voto é majoritário.
Há uma enorme discrepância populacional entre alguns dos distritos. O 21º, maior deles, tem 9.740 eleitores. O 25º, o menor, tem apenas 1.129.

O jornalista Wilson Silveira viaja a convite da Embaixada do Kuait em Brasília

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