São Paulo, terça-feira, 8 de outubro de 1996
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PODER ESQUECIDO

Apesar de consolidado o processo de redemocratização brasileiro, o Poder Legislativo tem recebido da opinião pública atenção muito menor do que a demonstrada em relação aos representantes do Executivo.
Nas eleições municipais deste ano não foi diferente. Centro das atenções nas propagandas políticas dos partidos, os candidatos a prefeito deixaram pouco espaço para a divulgação dos que pleiteavam uma vaga nas Câmaras de Vereadores do país.
Tal desinteresse pelo futuro do Legislativo municipal pode ser explicado pelo inexpressivo resultado prático do trabalho dos atuais vereadores.
Na cidade de São Paulo, maior colégio eleitoral do país, os 55 representantes na atual legislatura deixaram um legado pouco significativo de seus quase quatro anos de trabalho.
Segundo levantamento publicado por esta Folha, 41% dos projetos apresentados pelos atuais edis da Câmara paulistana propunham nomes de ruas, datas ou medalhas. Trabalho realizado a um custo anual de R$ 92 milhões, pagos pelo contribuinte.
Não há muitos motivos para imaginar que o resultado dos próximos quatro anos, nas Câmaras de grande parte do país, será mais animador. O pouco espaço dado aos candidatos a vereador durante a campanha só agrava o desconhecimento dos eleitores sobre os futuros legisladores e distancia ainda mais a população da elaboração de leis que influenciarão diretamente a vida das cidades.
Longe da cobrança de quem os colocou em seus cargos e anônimos para uma significativa parcela dos cidadãos, os novos vereadores assumirão eximidos de grandes responsabilidades para com os que lhes outorgaram seus cargos. Ao eleitor, resta a imperiosa tarefa de melhor avaliar o trabalho a ser realizado pelos recém-eleitos, acompanhando a apresentação de projetos e cobrando decisões benéficas para sua cidade.

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