São Paulo, quinta-feira, 10 de outubro de 1996
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UNIÃO DE ESFORÇOS

O papel das Forças Armadas de todo o mundo neste final de século tem sido recentemente tema de intensos debates. Se elas já não são tão necessárias para garantir a segurança dos Estados, devido ao fim da Guerra Fria e ao incansável processo de globalização, novas funções têm sido sugeridas para aproveitar o aparato e a experiência militares.
Para os Estados Unidos, na América Latina os militares deveriam se engajar no combate ao narcotráfico, uma das principais bandeiras atuais do governo norte-americano.
Essa visão foi novamente apresentada pelo secretário da Defesa dos EUA, William Perry, durante encontro de ministros da Defesa ou similares das Américas, em Bariloche (Argentina), nesta semana. O Brasil foi claro em sua posição contrária: para o governo brasileiro, o tráfico de drogas deve ser objeto do trabalho das polícias de cada país.
O problema do tráfico de drogas, devido à complexidade e à sofisticação que alcançou, deve ser atacado com os melhores e mais modernos recursos disponíveis. Dessa forma, no Brasil seria bem-vinda uma sinergia entre as Forças Armadas, com sua estrutura e seu poder de logística, e as polícias Federal e dos Estados para atacar o problema da forma mais abrangente possível.
O expressivo aumento no uso de drogas tem preocupado o governo dos EUA, que ainda não conseguiu estabelecer um combate efetivo ao consumo no seu território, um dos principais focos de interesse dos traficantes estabelecidos em outros países. Não pode o governo norte-americano esperar que as Forças Armadas da América Latina venham resolver esse problema simplesmente com o aumento da repressão à produção e ao tráfico de entorpecentes.
A solução passa por ações em todo o continente americano, tanto nas regiões produtoras como nas consumidoras. As polícias de cada país, possivelmente contando com suporte técnico das Forças Armadas, podem e devem colaborar, mas a saída para o problema nasce de programas mais amplos e mais complexos.

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