São Paulo, quinta-feira, 10 de outubro de 1996
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BRASILEIRAS ESTERILIZADAS

A esterilização, por meio da cirurgia de ligadura de trompas, já deixou há muito de ser, no Brasil, um recurso para mães de meia-idade que, satisfeitas com os filhos que têm, decidem não mais engravidar.
Pesquisa feita pela organização não-governamental Bemfam mostra que já chega a 40,1% o percentual de mulheres brasileiras em idade fértil (15 a 49 anos), casadas ou vivendo com parceiros, que estão esterilizadas. Dez anos atrás, essa parcela era de 26,9%. A pesquisa ainda revela que a média de idade em que ocorrem as esterilizações é hoje de 28,9 anos, contra 31,4 em 86. Ou seja, as brasileiras estão se esterilizando cada vez mais e cada vez mais jovens.
Essa situação é consequência da falta de uma política de planejamento familiar no país. Por planejamento familiar, entende-se: oferecer às mulheres o melhor método de evitar filhos, de acordo com sua idade, as características de seu organismo e suas aspirações pessoais.
A ligadura de trompas para mulheres abaixo dos 30 anos é criticada por médicos da área principalmente por seu caráter definitivo. Muitas das que se submetem à cirurgia retornam anos depois ao consultório médico para tentar recuperar sua fertilidade.
Além de seu caráter irreversível, a ligadura de trompas pode causar, em alguns casos, alteração na menstruação ou antecipação da menopausa. Por essas razões, deveria ser vista como uma última opção. Para casais estáveis, a vasectomia -esterilização masculina- seria uma melhor alternativa, por ser uma intervenção cirúrgica mais simples.
O problema é, principalmente, a falta de informação das mulheres sobre os diversos métodos anticoncepcionais hoje disponíveis. Uma política de planejamento familiar séria poderia dar às brasileiras domínio maior sobre sua saúde reprodutiva. Poderia dar a elas a chance de decidir quando e como evitar os filhos e quando, se possível, voltar a tê-los.

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