São Paulo, sexta-feira, 11 de outubro de 1996
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Mineradora e índios tentam acordo no AM

Grupo quer liberar estrada bloqueada

ANDRÉ MUGGIATI
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

Os índios uaimiris-atroaris e a empresa de mineração Paranapanema tentavam ontem chegar a um acordo sobre o valor do pedágio cobrado pelo uso da reserva.
Os índios ocupam, desde domingo, a estrada usada pela empresa para escoar a produção de cassiterita da mina de Pitinga, a maior do país, em Presidente Figueiredo (a 110 km de Manaus).
A estrada une a mina à BR-174 (Manaus-Boa Vista) e corta a reserva dos índios. Eles querem rever o acordo que prevê o pagamento de um pedágio pela passagem do minério. Pelo acordo firmado em 82, a empresa paga R$ 16 mil por mês. Os índios querem receber R$ 78 mil mensais.
Na terça, os índios tomaram o posto da guarda na entrada da mina. A estrada foi bloqueada com toras. Estão acampados no local 110 índios armados com arcos e flechas. A Funai enviou ontem a Manaus um assessor da diretoria para intermediar a negociação.
Para Henrique Cavalleiro, do Programa Uaimiri-Atroari, "os índios permanecerão na estrada até que a nova quantia seja paga".
O programa administra indenizações que os índios receberam da Eletronorte pela construção da hidrelétrica de Balbina, na década de 70, e do Estado, pelo asfaltamento da BR-174, este ano.
O diretor da Paranapanema Ricardo Dequech reuniu-se com o assessor da Funai para nova tentativa de acordo. Ele oferece aos índios R$ 20 mil por mês. A Funai propôs a liberação da estrada até o fim das negociações. Até as 18h30 de ontem não havia acordo.
Segundo o programa, passam pela área cerca de 200 caminhões da empresa por mês. Na avaliação dos índios, os R$ 78 mil equivalem à carga de um caminhão de cassiterita -0,5% do valor do minério extraído mensalmente. Dequech diz que a mina produz 8.000 toneladas de cassiterita por mês.
Esse mineral seria convertido em 4.000 toneladas de estanho, na metalúrgica da empresa, em São Paulo. O estanho vale R$ 6.000 por tonelada no mercado externo. O faturamento bruto com a mina seria de cerca de R$ 24 milhões por mês.
Dequech não soube precisar nem o valor do minério nem o prejuízo com a paralisação. Segundo ele, a mineradora tem estoque para produzir estanho por 90 dias.

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