São Paulo, sexta-feira, 11 de outubro de 1996
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CRM investiga procedimento em clínica

DA REPORTAGEM LOCAL

O tubo de oxigênio que mantinha a respiração da modelo e atriz Cláudia Liz foi retirado pelos médicos da Clínica Santé às 16h de terça-feira, pouco mais de quatro horas depois de ela ter sofrido um choque anafilático.
Ela estava respirando com a ajuda de aparelhos desde as 11h30, quando teve uma reação alérgica após ser anestesiada e sedada.
Em nota oficial divulgada ontem, a clínica alegou que o tubo foi retirado porque o quadro da paciente havia apresentado uma melhora. Cláudia estaria demonstrando respiração espontânea, reflexos e sinais vitais estáveis (pulso e pressão arterial).
Três horas depois, porém, Cláudia foi levada para o Hospital Albert Eistein apresentando um quadro neurológico bastante grave. Havia uma redução do nível de oxigênio no cérebro.
O Conselho Regional de Medicina (CRM) diz que essa contradição precisa ser explicada pelos médicos da clínica. "A situação que a paciente apresenta hoje determina que ela não pode ser desentubada", afirmou o anestesista João Eduardo Charles, do CRM.
O médico diz que o fato de os tubos terem sido retirados, porém, não caracteriza um erro médico. "É possível que a avaliação feita naquele momento tenha indicado que ela estaria em franca recuperação, o que possibilitaria a desentubação. Posteriormente, contudo, é possível que ela tenha piorado. Isso tudo precisa ser investigado."
Uma outra questão que precisa ser apurada é porque Cláudia Liz só foi levada para o Einstein após a chegada de seu marido à clínica, por volta das 19h. A Santé não deu essa explicação em sua nota.
Sindicância
O CRM abriu sindicância para investigar se existem indícios de algum tipo de infração ético-profissional nos procedimentos adotados no caso da modelo.
Se isso for constatado, o CRM abrirá um processo interno contra os possíveis responsáveis. As penas variam de uma advertência até a cassação do registro profissional
Ontem, o médico Celio Levyman, diretor do CRM, fez uma vistoria técnica na clínica. Ele chegou às 11h45 e saiu duas horas depois.
"Nós fizemos um levantamento técnico das instalações, do material hospitalar, dos recursos humanos", afirmou o médico.
"Nenhum problema foi encontrado. Em tese, a clínica está preparada para atender uma emergência, mas precisamos saber o que realmente aconteceu."
A polícia instaurou inquérito para investigar se houve erro médico.
Parentes da modelo serão chamados hoje para depor. A polícia também pediu uma série de exames ao Instituto Médico Legal (IML) para investigar se houve imperícia na Clínica Santé.

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