São Paulo, sexta-feira, 11 de outubro de 1996
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Mistura de remédios teria causado choque

DA REPORTAGEM LOCAL

Uma combinação de medicamentos teria provocado o choque anafilático que colocou a atriz e modelo Cláudia Liz, 27, em estado de coma profundo.
Cláudia está internada desde a noite de terça-feira no Centro de Terapia Intensiva (CTI) do hospital Albert Einstein (Morumbi, zona oeste de São Paulo).
Ela teve uma queda de oxigenação no cérebro após ser anestesiada para se submeter a uma lipoaspiração na barriga na clínica Santé (zona sul).
A atriz continua sedada e respirando com a ajuda de aparelhos. Teve lesão cerebral, mas os médicos ainda não conseguem avaliar eventuais sequelas. O risco de vida permanece.
Em nota oficial, a clínica afirmou que Cláudia sofreu um choque anafilático quando recebia a anestesia (leia íntegra na pág. 3).
Segundo Farid Hakme, 55, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, a atriz recebeu uma anestesia peridural às 11h30 da terça e ficou "muito agitada".
"Para controlar a situação, o anestesista deu o medicamento Hipnomidat, um hipnótico, para acalmá-la", afirmou Hakme.
Hakme diz que obteve as informações da médica Ana Helena Patrus de Souza, que faria a lipoaspiração na atriz.
Segundo David Ferez, diretor científico da Sociedade de Anestesiologia do Estado de São Paulo, o Hipnomidat é uma das drogas usadas por anestesistas que menos oferece risco de reação.
"O choque anafilático pode ocorrer com qualquer droga. Mas na literatura médica esse hipnótico é das drogas menos relacionadas com o processo anafilático".
Segundo estudos internacionais, ocorre um caso de choque anafilático em cada 5 mil a 20 mil aplicações de anestésico geral. Nas anestesias locais -como a peridural-, a incidência é menor, cerca de um caso em 50 mil pacientes.
Segundo o relato de Hakme, depois de receber o hipnótico, a modelo teve um espasmo brônquico (respiratório) provocado por choque anafilático (alérgico).
Na própria clínica, ela foi entubada e medicada. Segundo a Santé, a atriz melhorou e foi desentubada às 16h. Mas piorou por volta das 19h e foi internada.
O anestesista que cuidou de Cláudia, Francisco Minan Neto, não foi encontrado ontem pela Folha para comentar as declarações.

LEIA MAIS nas págs. 3 e 4

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