São Paulo, sexta-feira, 11 de outubro de 1996
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Alvorada revive anos 60 com pratos pesados

JOSIMAR MELO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Se os anos 60 estão o tempo todo voltando, na indumentária, no design, na música, por que não no prato? Esta parece ter sido a pergunta que levou quatro sócios à abertura do divertido restaurante Alvorada, em São Paulo.
Uma brincadeira engraçada, cheia de referências de época na decoração, no serviço e nos pratos.
O Alvorada tem no comando Roberto Peres, 40, que já dirige uma casa de ar retrô (e bons hambúrgueres), o Rock Dreams. São seus sócios os jornalistas Reginaldo Leme e Ciro José e Ricardo Caracas, ex-diretor do Palace. O Alvorada está fincado no local em que funcionava o Chá Chá Chá.
Projetado por Sig Bergamin, o Alvorada (o nome não é casual) tem um ar da Brasília de Niemeyer, onde a regra era abusar dos espaços livres e amplos. Seu salão alto é claro, as duas fileiras de mesas são separadas por larga passagem, e nas paredes há enormes fotos de ícones como Leila Diniz ou JK.
O serviço fica a cargo de garçons de verdade, no velho estilo, fardados a rigor e atentos para funções como puxar a cadeira para o cliente ou acender-lhe o cigarro -gestos impensáveis para a atual geração de garçons universitários.
O cardápio é um punhado de referências àqueles tempos. Coquetel de camarão, salada mista com palmito, strogonoff, entrecôte à bordalaise, lagosta a Thermidor, manjar de coco...
Esses e outros pratos são preparados pelo chef Aderval Machado, 60, ex-Terraço Itália -há tempos depositário dessa cozinha antiquada e, como naquela época, preparada sem as sutilezas de sabor e leveza que hoje se exige.
É possível ter um medalhão malpassado (naquela época, jamais), mesmo que acompanhado de um molho béarnaise espesso e pesado.
O Alvorada lembra também o ambiente dos clubes, onde pratos demodés -mas por isto mesmo com ar caseiro e fácil- reinam tranquilos. Talvez não voltem à moda, mas são testamentos de um tempo que merece ficar registrado.

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