São Paulo, sexta-feira, 11 de outubro de 1996
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Chico Anysio se despede dos palcos

ANA CRISTINA PORCELLI PESSINI
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Considerado um dos mais versáteis humoristas do país, Chico Anysio estréia hoje sua última temporada de espetáculos ao vivo em São Paulo, no Palladium.
Haverá apresentações neste e no próximo final de semana, que, pelos planos de Chico, serão as últimas de sua carreira.
O humorista está de mudança com a família para os Estados Unidos, onde, convidado por um amigo, deve fazer algumas traduções para programas do canal de TV por assinatura HBO.
"Vamos morar numa cidadezinha chamada Greenwich, a 30 minutos de Nova York", conta.
Com contrato assinado com a Globo até dezembro de 97, Chico Anysio deve voltar ao Brasil uma vez por mês para gravar seu programa semanal na emissora.
Cotidiano
Ao contrário das caricaturas e dos personagens que encarna em seu programa de TV, "Chico Total", em "O Direito de Rir e Rir", trocadilho com o de ir e vir, Chico Anysio se apresenta de cara limpa, como um contador de histórias.
Chico criou 203 personagens ao longo de quase 50 anos de carreira, a serem completados no ano que vem.
"São teses e idéias que eu desenvolvo, verídicas ou não, baseadas na vida cotidiana do país e que eu transformo em coisas engraçadas", explica o espetáculo.
Entre os quadros do show que mais gosta está o do "Mundo Modernidade", no qual fala, durante sete minutos, mais de 280 palavras começadas com a letra "m".
No encerramento do show, Chico presta uma homenagem a todas as mulheres quando fala de Victória, sua filha com a ex-ministra da Economia Zélia Cardoso de Mello.
Código de ética
Está previsto para amanhã o lançamento de um código de ética por uma comissão da Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), com a função de regular os excessos cometidos nesses meios.
Os programas humorísticos que, volta e meia, são criticados pelo uso de linguagem apelativa, não devem ficar fora dessa intervenção.
Chico Anysio, no entanto, diz não ter preocupações com eventuais cortes que possa sofrer, caso o código seja realmente implantado.
"Além de desagradável, acho que isso seria desnecessário, já que cada um de nós, o Max Nunes, o Carlos Alberto Nóbrega, já tem um código próprio na cabeça. De qualquer forma, se o código passar a vigorar, eu obedeço", diz.
"Afinal, depois de ter passado pela censura ferrenha na época da ditadura militar, o que vier é lucro", conclui.
(ACPP)

Show: Chico Anysio
Quando: sexta e sábado, às 22h. Domingo, às 21h
Onde: Palladium (av. Rebouças, 3.970, 3º piso do shopping Eldorado, tel. 816-0757)
Quanto: de R$ 25 a R$ 35

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